segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

“Lacramento” com areia?

Estou me abstendo de comentar determinadas notícias divulgadas oficialmente e que se tornam unanimidade na mídia da região. Sem maiores análises críticas.
Não quero cair aqui nesta página no ôba ôba das primeiras providências emergenciais visando resolver certos problemas que se arrastam há muito anos.

Já basta num dia anunciar a decisão e notícia do fechamento do canal do molhes para acesso a Jet Sky, e no dia seguinte ter que refazer a notícia, dada em manchete garrafal e fotos por jornais, rádios e até TV.

Esgoto pluvial do Mar Grosso
Esta notícia tenho que comentar.
É o chamado “lacramento” das saídas dos esgotos pluviais nas areias da praia do Mar Grosso. Uma medida inócua, bizarra até, porque ineficaz, mesmo sendo tomada em caráter emergencial, o que reconhecemos.
Tapar saídas de esgoto com a própria areia da praia? Faça-me o favor...
Água morro abaixo e fogo morro acima não há quem pare.

A não ser que se deixe um trator de pá permanente no local, mesmo assim a areia continua sendo contaminada.
Na primeira enxurrada que der (e a pouca chuva que caiu na noite deste sábado pra domingo já demonstrou isso) as saídas são abertas naturalmente pela força das águas. E se lacrar de verdade, com concreto, o problema vai piorar, porque a água da chuva não encontrando saída, vai transbordar por cima do recém calçamento, inclusive destruindo-o, além de transformar a avenida Rio Grande do Sul (hoje batizada de Maurílio Kfouri), num grande piscinão.
Então, qual é a saída?

Fedor
O fedor em vários locais de saída realmente é insuportável, provando as ligações clandestinas dos esgotos domésticos na rede pluvial. E isso não vem de agora. Este blog já divulgou várias vezes, assim como fizeram outros colegas da imprensa.
Quais foram os vereadores da nossa ilustre Câmara que abordaram o problema e exigiram soluções nesses anos todos? Quais foram mesmo?
Tirando o Dudu Carneiro (PP) ninguém mais se pronunciou. E pergunto: ninguém mais constatava o problema?

Aliás, tem muita gente agora por aí (inclusive na imprensa e redes sociais) levantando os problemas da Laguna, mas nos últimos oito anos do governo do PT de Célio Antônio, mantiveram-se caladinhos. Mudinhos. Defendiam que era o melhor governo. Querem agora o quê? Que tudo seja resolvido em três dias úteis? Não sou advogado de ninguém, mas aqui pra ôces, óh!

O problema já havia sido resolvido há anos
O problema da saída do esgoto de águas pluviais no Mar Grosso já tinha sido resolvido há alguns anos. Pelo menos em parte.
Infelizmente governantes que se sucedem abandonam a manutenção de projetos e obras feitas por governos anteriores e aí dá no que dá, jogam no lixo o dinheiro do contribuinte que paga seus impostos.

Vamos, leitor, retroagir os ponteiros do tempo para mostrar os fatos:

Corria o ano de 1998. Engenheiro sanitarista lagunense André Labanowski, GRATUITAMENTE, elaborou e entregou um projeto à prefeitura da Laguna, governo de João Gualberto Pereira/Rogério Wendhausen

O citado projeto previa a instalação de 780 metros de tubos de concreto de 0,80 cm na então avenida Rio Grande do Sul, com a construção de uma estação subterrânea elevatória, de concreto armado, com vazão de 100 litros por segundo, ao lado do emissário submarino existente. Dali, a água bombeada escoava pela rua Renê Rollin, em direção a rua São Joaquim (hoje Aderson Pinho Remor), desembocando na Lagoa Santo Antônio, área do porto.
O projeto foi realizado pela empresa vencedora da licitação, a Aldo Rampinelli, a um custo de R$ 248.497,00 (R$ 150 mil da União, R$ 44.800 Convênio Casan e o restante PM- Iniciativa privada).
Resolveu o problema da saída das águas nas areias do Mar Grosso.

No entanto, o engenheiro André Labanowski, autor do projeto, alertava em seu projeto, oficialmente, e também pela imprensa, que “Paralelo à obra, é imprescindível que ocorra uma rigorosa fiscalização e lacramento nas ligações clandestinas do esgoto doméstico”.
E dizia mais o engenheiro: “Existem pontos críticos, como a rua Imaruí e Tubarão, que precisam ser atacados”.
E alertava Labanowski: “Muitos proprietários de imóveis não efetuam a ligação por causa dos custos, quando as fossas saturam, principalmente em prédios, na alta temporada, criminosamente desviam o esgoto de suas residências para o pluvial”.
(Dados retirados do meu Jornal Tribuna Lagunense, edição nº 54, de 20/03/1998).

Com os anos e outros governantes depois (Adilcio Cadorin (2001-2004) e Célio Antônio (2005-2012), não houve fiscalização das ligações clandestinas e nem manutenção nos encanamentos e bombas d’água do projeto implantado.
Agora o problema está aí em mais uma temporada.

O que tem que se fazer? Primeiro retornar a utilização do sistema de escoamento e paralelo a isso, uma fiscalização rigorosa nas ligações clandestinas, através da secretaria de obras e vigilância sanitária, com a utilização do chamado líquido azul de metileno e até de pequenos robôs-olheiros, como em outras praias do litoral.

Tudo o que se fizer fora disso é varrer o lixo para debaixo do tapete, porque o problema vai permanecer. E é sério.

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