sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Sem surpresas, maioria de vereadores da Laguna aprova onze projetos de lei suplementar ao Plano Diretor. Era o esperado. Ou vocês sonharam alguma coisa diferente?

Evidentemente que, a esta hora, todos já estão carecas ou cabeludos de saber que a Câmara de vereadores da Laguna, na sessão da última quarta-feira, aprovou os onze projetos de lei suplementar, que integram o Plano Diretor de nossa cidade.
Sessão foi tumultuada e quando muita gente chegou para ocupar as galerias, no fim de tarde, elas já estavam totalmente tomadas desde cedo (quatro horas antes?), o que gerou descontentamento, e não era para menos. Portas foram fechadas, vários seguranças à entrada, e só se podia adentrar quando alguém desocupasse a moita, desculpe, a cadeira.
Ministério Público recomendou para que fossem retiradas as emendas nºs 1022, 1023, 1025 e 1043, mas a Câmara não acatou e votou o texto integral que já havia sido aprovado em primeira votação.
Requisições apresentadas pelos vereadores Eduardo Carneiro e Andrey Pestana de Farias foram rejeitadas por maioria, o que também já era esperado. As emendas não puderam ser votadas e discutidas novamente, separadamente. Em protesto, os vereadores Kek e Dudu Carneiro se retiraram do plenário. 
Placar foi de 6 X 3.
(Votaram contra, os vereadores Andrey Pestana de Farias, Rogério Medeiros e Silva Bombeiro); a favor:  Valdomiro Macho, Irã, Patrick, Thiago, Wilsinho e Zezinho). (Rodrigo Moraes estava ausente por doença na família).

O que vai acontecer agora? Projeto de lei do Plano Diretor vai pra sanção do prefeito Everaldo dos Santos que pode ou não vetá-lo, num todo ou em partes. Se vetar, Câmara pode derrubar o veto. Everaldo jogará pra plateia ou vai assinar embaixo, sem nenhum ai ou ui?

Pergunto: Haveria ainda a possibilidade do Ministério Público intervir, considerando as emendas votadas ilegais e inconstitucionais? As famigeradas emendas podem ser alvo de ação de inconstitucionalidade ou ação pública?
Entre as emendas estão a que prevê construções, loteamentos no Gravatá; e também aumento de gabarito (15 andares) no Balneário Mar Grosso (com exceção da avenida beira-mar).
###
Agora me diga, cá pra nós, aqui pra lente da verdade, sinceramente, conhecendo alguns vereadores como se conhece, alguma surpresa leitor com esta votação? Com as emendas apresentadas e aprovadas? Você tinha esperanças de mudanças? De renovação geral? De uma nova Laguna?

Se tinhas esperanças, como diria um manezinho, enfadado e indignado: então mofas com a pomba na balaia.


Atualizando: Entrevistado pelo Jornal Notisul de hoje, prefeito Everaldo dos Santos adiantou que vai vetar parte do projeto de Lei do Plano Diretor.

"Entendo que é uma área de preservação ambiental. (Praia e Morro do Gravatá) Minha posição já era contrária e recebi uma recomendação do Ministério Público, tanto estadual como federal, para vetar e, assim, evitar um processo judicial. É uma questão de muita responsabilidade, mas a decisão já está tomada", disse o prefeito.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Pesquei lá do Blog do Renato Souza e a-do-rei a sacada

olha só....


Melô do fofoqueiro(a):

"Como vai você, eu preciso saber da tua vida..."

De casamentos e separações

Muita coisa na Laguna é comentada, cochichada e murmurada pelas esquinas, bares e casas, vocês sabem.
Desde a situação de novos ricos, subitamente endinheirados e ostentando posses conseguidas ninguém sabe como, passando por preferências sexuais e pequenos escândalos, tipos brigas e flagrantes de toda ordem.
Pois ainda há gente por aqui que fica estupefato com separações, com divórcios, que sempre acontecerão no mundo. Quem foi o primeiro? Quem será o último?
Seria bom  que todo amor fosse infinito, como cantava o poeta, mas ele mesmo já fazia o adendo da exceção: enquanto durasse.
Imaturidade, decepção, possessão, ciúme e finitude são as principais causas dos desenlaces amorosos.
Finitude sim! Porque já dizia Machado de Assis: “se gasta o ferro com o uso, quanto mais o amor”.
Nem todo mundo acerta na primeira tentativa, às vezes outras são necessárias.
Não em busca de um príncipe encantado, da princesa dos sonhos, como muitos ainda procuram em vão, mas o(a) companheiro(a) que possa dividir a realidade, a conversa, os sonhos e decepções de trajetórias de vidas.

Quem é culpado de quê?
Se mais um casal se separa, como aconteceu há pouco por aqui, com um conhecido político, é assunto para um mês. Um absurdo! E dá-lhe conversas mexeriqueiras procurando sempre nas entrelinhas um motivo, um culpado pelo fim da relação.
E assim...e assado que o assunto vai longe. E dão exemplos e citam fatos acontecidos, presenciados. Verdadeiros verdugos, cruéis, malditos.
E logo dão o veredicto, juízes da moral e bons costumes, condenando um deles (ou os dois) ao martírio. Preconceituosos ainda, em pleno século XXI, lançam suas pragas e peçonhas, esquecendo da realidade de suas casas, de suas famílias, de seus filhos e netos. Freud explica.

Pela bola sete
Sei de muitos casais aqui na Laguna, dezenas - e tenho certeza leitor, que você também sabe - que estão pela bola sete em suas relações. E há muito tempo insistem em seus casamentos falidos, que já foram para o espaço ou para a caçapa, para ficarmos no figurativo.
Escrevi casais erroneamente. Nem mais casais são. Um ajuntamento pode ser. Nem isso. Sim, porque se cada um dos chamados cônjuges vive somente a sua vida, egoísta, mesquinha, em camas separadas, sem sexo há muitos anos (ou até com outros parceiros), isso pode ser tudo, menos um casal vivendo a dois.
Isso é partilha? Felicidade? Amor?

Muitos não se separam, dizem, por causa dos filhos, pelo patrimônio adquirido ou não, por falta de outra pessoa em suas vidas. Cada um sabe de si e onde dói o calo.
Contudo vivem se queixando por aí, lastimando seus destinos, suas agruras do dia a dia, falando mal do outro, doentes sem aceitar suas doenças, amargos em suas dores, descrentes da vida, depressivos em suas existências.
Outros não dizem de suas realidades, enganam-se, tolos, mas seus olhos, espelhos de toda alma, não mentem.

E o tempo passando. Ou como diria o mesmo Machado de Assis: “O tempo não passa. Nós é que passamos. Matamos o tempo; o tempo nos enterra”.
Acordarão essa pessoas algum dia? Não sei, ninguém sabe. Cada um deve conhecer a sua dor e procurar insistentemente o seu remédio.

Factóide

É propaganda política mal intencionada. Um fato divulgado com sensacionalismo, verdadeiro ou não.

É uma técnica muito utilizada por políticos visando manipular a opinião pública, principalmente a população menos esclarecida.

Caminho das pedras

“Em obras públicas, “termos aditivos” podem aumentar o custo em 25%, se for nova, e 50%, se for reforma. A maioria opta por reforma, sempre”.

(Do colunista Cláudio Humberto)

Me inclua fora desta

Um conhecido me liga convidando para uma reunião em determinado local da Laguna.
Pergunto do que se trata a reunião e ele me responde que o assunto eu ficaria sabendo quando chegasse lá, mas que poderia somente adiantar que era político.
Mas quem vai, quem são os convidados, quem está promovendo?
- Chegando lá você vai saber, me respondeu.
- Como é que é, meu camarada? Tais me achando ingênuo ou burro ou os dois: um burro-ingênuo. Fique sabendo que não participo de qualquer tipo de reunião que não sei o motivo nem quem são os convidados. Pode “desarriscar” meu nome da lista. 
E desliguei. 


Alguns leitores não sabem, mas anda acontecendo em nossa cidade, nos bastidores, muita reunião, planos e conchavos visando puxar, em breve, o tapete de alguns políticos. E eu com isso?

Nada a ver

Tem gente na Laguna que se acha sabichona mas confunde inciso com parágrafo.
Por exemplo: inciso IIº da Lei Orgânica do Município com § (Parágrafo) 2º da Lei Orgânica do Município.

Como diria um mocorongo, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa completamente diferente.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Três dicas de leitura

Leitor, corra para uma livraria e adquira, “O mínimo que você precisa saber para não ser idiota”, do filósofo Olavo Carvalho, Editora Record.
Já conhecia vários escritos de Olavo de Carvalho, mas este livro reúne 193 textos selecionados, entre artigos e ensaios, organizados por Felipe Moura Brasil.
Seus artigos “esmiúçam os fatos do cotidiano – as notícias, o que nelas fica subentendido, ou o que delas passa omitido, o centro das atenções, o que verdadeiramente importa e implica – para afinal destrinchar, sem dó, a mentalidade (ou seria cegueira?) brasileira e sua progressiva inclinação pelo torpor e pela incompreensão”.

Eis um livro que após sua leitura saímos completamente diferentes ou pelo menos enxergando muito além de nossos umbigos, abrindo os horizontes e aprendendo a não ser manipulado e sofrer influência de canalhas (imbecis) sobre a nossa vida, os nossos costumes, as nossas ideias.
Olavo Carvalho é uma visão lúcida nesse marasmo de mentiras chamado Brasil. Ele, Lobão, e mais Reinaldo de Azevedo.

 ***

Outro livro que merece uma leitura atenta é “Manifesto do nada na terra do nunca”, Editora Nova Fronteira, de João Luiz Woerdenbag. Não conhece? É o músico Lobão, e que esteve na Laguna no final da década de 80, no Rock Laguna, lembram?
Pois Lobão, além de sua inteligência e ironia desconcertante, “mostra que suas ideias são muito mais coerentes e profundas do que seus detratores temem reconhecer”.
É um puro manifesto estético e político do melhor jornalismo gonzo já publicado no país”. As vítimas? “Uma inteligência burra, uma aristocracia estatizada, uma comissão da inverdade, uma MPB de proveta e muitas ideias pré-fabricadas”.

 ***

A terceira dica é “A cozinha venenosa” – Um jornal contra Hitler, de Silvia Bittencourt, Editora Três Estrelas.
“É a história da corajosa guerra de um pequeno jornal de Munique contra Hitler.
“Durante mais de dez anos, o Münchener Post empreendeu uma batalha sem tréguas contra o líder nazista e seus fanáticos, denunciando os perigos de sua ideologia e alertando, já em 1932, sobre a monstruosa “solução final” que eles reservaram aos judeus”.

A jornalista Silvia Bittencourt reconstitui, a partir de cuidadosa pesquisa, uma das lutas mais importantes de resistência ao nazismo antes da Segunda Guerra e uma das mais audaciosas campanhas da imprensa no século XX.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Público lotou a sessão da Câmara desta quarta-feira. Vereador Kek foi aplaudido na tribuna

Sessão da Câmara de vereadores desta quarta-feira foi das  mais concorridas. Público lotou o plenário, mas a segunda votação do Plano Diretor não constava da pauta. Ficou para quarta-feira que vem, ao que me consta, até porque há necessidade de dez dias entre uma e outra.

Público vaiava, aplaudia, se manifestava e muitos gritavam.

No Grande Expediente, vereador Kek Lopes Rosa foi o mais aplaudido e estava em seus melhores dias.
Algumas frases do vereador pronunciadas aos microfones, sobre o mal fadado projeto nº 005/13 que suprimia o §2º do art. 129 da Lei Orgânica e já arquivado:

“Falaram na rádio que segunda-feira havia agitadores aqui, quero dizer que meu filho estava aqui, com muito orgulho. Queria que todos os vereadores tivessem orgulho de seus filhos”.

“A Laguna tem Santo Antônio, tem Nª Sª da Glória. Agora tem também uma nova santa, é a santa dos vereadores”.

“Eu já vi cachorro fazendo xixi no poste, agora poste fazer xixi em cachorro eu nunca vi”.

“Tem que cobrar a posição do prefeito, do Cadorin, do Célio Antônio, do Júlio Willemann, eles tem que estar com nós (sic) não é só na hora do voto não”.
Fotógrafo Elvis Palma, como sempre testemunhar ocular, estava lá e fez as fotos.
Vereador Kek chegou à sessão em seu flamejante KA com
caixa de som tocando o Hino da Laguna.

Site desatualizado

Site da Câmara de vereadores da Laguna está desatualizado.
Resumo das sessões ordinárias, vejam só, parou em 09 de outubro passado. Há um mês e meio. De lá pra cá já aconteceram mais de seis sessões ordinárias, fora as extraordinárias e audiências públicas.

O que está acontecendo?

Abuso

O Código de Posturas proíbe, mas na Laguna é como se ele não existisse.
Está se tornando um abuso (além de ilegal), a quantidade de vasos, floreiras, expositores, araras, cavaletes, placas de profissionais e publicidade e até eletroeletrônicos sobre as calçadas da cidade, não somente no centro, mas também nos bairros. É pura obstrução no direito de ir e vir.

Antigamente, nos tempo em que os bichos falavam, até degraus defronte a estabelecimentos eram proibidos.
A calçada é para uso exclusivo do pedestre e as da Laguna já são estreitas, além de mal conservadas, some-se a isso todos esses empecilhos, esses obstáculos que atrapalham o caminhar. Se todos resolverem copiar o exemplo do vizinho vai virar um caos.

Alô, alô prefeito Everaldo dos Santos, alô, alô secretário de Obras Orlando Rodrigues, que o setor de Fiscalização da prefeitura atue e proíba esse abuso.

Algum nobre vereador para se manifestar?

Isso é o que podemos chamar de consumismo. Ou o homem sacola


Quando eu vi a cena não acreditei. O sujeito não podia nem caminhar e até sumiu dentre tantas sacolas.
Fim de ano é isso aí...

Na verdade tudo não passa de uma jogada de marketing.
Do contrário, imaginem o cartão...

Na mosca

“Notícia é algo que alguém, em algum lugar, não quer ver publicado. Todo o resto é publicidade”.

(Lord Northcliffe)

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Projeto de emenda à Lei Orgânica é arquivado. Paraíso do Gravatá está a salvo

Sabe o Projeto de emenda nº 005/13 à Lei Orgânica do Município da Laguna (LOM) que suprimia o §2º do art. 129? O tal que abria condições para loteamentos e construções em áreas de preservação permanente, como a área da Praia de Gravatá?

Foi arquivado na data de hoje, tendo em vista a recomendação da 1ª Promotoria de Justiça da Comarca de nossa cidade, através da Dra. Fernanda Broering Dutra, que determinou fosse arquivado o projeto, por ser inconstitucional.

O mal fadado projeto foi assinado pelos vereadores Roberto Carlos Alves (PP), José Luiz Siqueira (PT), Patrick Mattos de Oliveira (PSB), Valdomiro B. de Andrade (PMDB), Vilson Elias Vieira (PSDB), Antônio da Silva (PR), e Rodrigo Luz de Moraes (PR). 
O novo Plano Diretor já foi apresentado em primeira votação na quarta-feira passada, 13, e recebido uma votação de 9 X 4. (Votaram contra os vereadores Andrey Pestana de Farias (PSD), Dudu Carneiro (PP), Kek Lopes da Rosa (PP) e Rogério Medeiros (PMDB).

O tal Projeto de emenda nº 005/13 seria lido na quarta-feira (antecipada pelo presidente da Câmara para a tarde de hoje) mas a Justiça mandou arquivar.
O projeto, vejam só o absurdo, a ousadia que se chega, não só abria um leque para construção em áreas de preservação permanente, a exemplo da região da Praia de Gravatá, como em muitas outras.
Leiam o §2º do art. 129 da L.O.M., que os sete vereadores queriam suprimir:

§ 2º. Constituem áreas de preservação permanente do Município não edificante, salvo quando para instalação de empreendimentos turísticos e parques temáticos, que incentivem a educação ambiental, e sua utilização far-se-á na forma da Lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais: (MODIFICADO PELA EMENDA L.O.M. Nº 002/02)
I - áreas verdes dos morros e coberturas florestais nativas e primitivas, obedecida à legislação federal pertinente;
II - monumentos e paisagens de excepcional beleza;
III - sítios arqueológicos, inclusive o Morro do Casqueiro, na localidade de Cabeçuda;
IV - Parque Municipal do Morro da Glória;
V - Morro do Gy;
VI - Morro do Iró;
VII - Morro do Cabo de Santa Marta Pequena;
VIII - Morro da Ponta da Ilhota até a Praia da Tereza;
IX - Morro do Cabo de Santa Marta Grande;
X - Lagoa de Santo Antônio dos Anjos;
XI - mananciais de água que abastecem a cidade;
XII - rios, lagoas, lagos, córregos e quedas d'água situadas na circunscrição do Município;
XIII - as praias e as dunas que as margeiam;
XIV - a área que começa na ponta do Tamborete, seguindo o rumo sul pela Ponta do Gravatá, praia do Gravatá, até o final da praia do Siri, a contar da faixa de marinha ao cume dos respectivos morros;
XV - lagoa do Nóca, na Ponta da Barra;
XVI - morro do Itapirubá.

Plenário da Câmara hoje à tarde ficou lotado e diante da notícia positiva recebida da Justiça local, o público presente e três vereadores (Dudu, Kek e Andrey Pestana) saíram comemorando, inclusive cantando o Hino da Laguna.
Pontos para uma parcela da população lagunense, Justiça e para alguns poucos e bravos vereadores que frearam a especulação imobiliária em áreas de Preservação Permanente.
Há alguns anos seria suicídio político apresentar, votar e concordar em suprimir um parágrafo de suma importância como esse. Mas hoje em dia não há mais esse receio. Contam com a omissão e falta de memória dos eleitores e a certeza que daqui a três anos serão novamente eleitos. Não se enganem, novos projetos virão e é sempre bom ficar em alerta.


Confiram as fotos de Elvis Palma na tarde de hoje:
Os três vereadores mosqueteiros (Andrey Pestana de Farias, Kek Lopes da Rosa e Dudu Carneiro).
Público cantou o Hino da Laguna
E também vaiou e xingou o projeto

O adeus a Saul Ulysséa Baião

Como estava ausente da Laguna semana passada, não pude registrar no Blog o falecimento do ex-prefeito da Laguna Saul Ulysséa Baião, 86 anos, sepultado em nossa cidade na última quinta-feira, 14.
Há alguns meses, conversamos por alguns minutos na rua Raulino Horn, quando lhe fotografei, na calçada, amparando-se a uma bengala.

Seu Saul era um grande conversador, além de possuidor de vasta cultura. E sempre extraía dos acontecimentos uma piada, um lado engraçado. Para quem tinha intimidade com ele era um privilégio ser seu interlocutor.
Eis um homem que passou pela política e dela saiu com a mãos limpas, honrado e com o senso do dever cumprido. Tão ao contrário de muitos de hoje...
Sentimentos aos familiares.

Saul Ulysséa Baião foi advogado, professor e prefeito. Nascido em 7 de fevereiro de 1927, filho de Silvia (Ulysséa) e de Antonio Baião. Casado com dona Sônia Maria Nacif, com quem teve as filhas Sara Raquel Baião Nunes e Soraia Baião Maragno, que completaram a família com Ananda, Hannah, Valéria e Luiza. Neto do historiador Saul Ulysséa, desde cedo mostrou inclinação pela leitura.

Iniciou o período escolar no Colégio Stella Maris, onde estudou dois anos, sendo transferido para o Grupo Escolar Ana Gondin, levado pelo seu tio, Ruben Ulysséa, diretor daquele educandário.
Aos 11 anos, já estudava no Ginásio Lagunense e em 1944, transferiu-se para a capital, onde cursou o Científico no Colégio Catarinense, paralelamente a Academia de Comércio de Santa Catarina.
De 47 a 51, frequentou com destaque a Faculdade de Direito de Santa Catarina e mesmo antes de receber o título de bacharel já exercia a profissão como “solicitador”.

Foi nomeado Delegado Especial de Polícia, aqui em Laguna e mais tarde já no Ministério Público, foi designado Promotor da Comarca de Blumenau, criada pelo então Governo Irineu Bornhausen. 
Desde pequeno, evidenciou uma forte inclinação para a política e na UDN, levado por seus amigos, Osvaldo Cabral, Irineu Bornhausen e Bulcão Viana, foi “Diretor Acadêmico” da UDN em Florianópolis.
Em 1951, transferiu-se para Laguna, passando a exercer a profissão de advogado e de professor da Escola Técnica de Comércio Lagunense, onde lecionou durante 22 anos. 


Na carreira política, foi eleito prefeito, pela Arena, em 1970. No seu governo, foi prioridade, eletrificação rural e calçamento de ruas.
Construiu o prédio da Estação Rodoviária e investiu no aprimoramento e melhoria do Museu Anita Garibaldi. A atual bandeira da Laguna foi criada no seu governo.
Em 1974, já em Florianópolis, foi nomeado Procurador Fiscal do Estado, cargo que exerceu até aposentar-se. No âmbito social, fez parte da diretoria do Clube Congresso Lagunense onde atuou em todos os cargos da diretoria, sendo presidente durante dois mandatos.
Prefeito Everaldo dos Santos decretou luto de três dias.
Fonte: PML


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

De ingratidões e decepções. Ou, enquanto houver cavalo...

Como há gente mal educada, interesseira e ingrata no mundo meu Deus!

Numa matéria sobre a antiga rodoviária, publicada há alguns meses, com texto de pesquisa, lembranças e fotos, recebi dois dias depois e-mail de um sujeito que nunca vi mais magro nem mais obeso, com a seguinte ordem: “Me mande essas fotos em alta resolução e uma relação de todas as empresas de transportes de passageiros da Laguna ao longo dos anos”.
Assim, nesses termos, telegráfico, mandão, como se eu fosse empregado dele, ganhando para isso. Só não mandei o sujeito pra aquele lugar porque sou educado, mas seu e-mail foi direto pra lixeira, é óbvio. Nem dei resposta. Tá pensando o quê? Mas deveria ter perguntado: e na bufunfa, não vai nada?

Fins do ano passado recebi um telefonema. Outro sujeito queria saber detalhes de uma matéria histórica que eu havia publicado, já que ele até então ignorava que uma personagem tivesse passado por nossa cidade. Se identificou como pesquisador/historiador no Rio Grande do Sul, o sotaque não negava. Conversei alguns minutos mas logo percebi que o que interessava na verdade era as fontes das minhas pesquisas e um detalhe da história que eu havia abordado.
Passado um tempo, leio num livro posteriormente publicado (teria sido o autor o tal pesquisador ao telefone “disfalçado”?), um resumo da mesma história que publiquei, com outras palavras e fotos, é lógico. Sobre as fontes, bibliografia? Nadicas de nada, como se o sujeito tivesse descoberto a pólvora e fosse pioneiro na pesquisa.

Há pouco tempo estava pesquisando na internet quando descobri um texto sobre o escotismo na Laguna. Era muito bem elaborado, com fotos, pesquisas e entrevistas. Interessante e rico, tive que reconhecer.
Logo percebi como fonte maior do trabalho, o nosso historiador e pesquisador Antônio Carlos Marega, só ele poderia deter tantas informações sobre o assunto.
Não deu outra. Era um TCC, em arquivo PDF. Imprimi duas vias e levei uma delas ao Marega, tendo a certeza absoluta que ele não deveria ter sido contemplado – no mínimo - com uma cópia final do trabalho, pelo aluno universitário. Dito e feito.

Quer dizer. O sujeito vem a tua casa, é bem recebido, entrevista, usa o teu tempo, a tua memória, chupa dezenas, centenas de dados e fotos e bem por isso tira um dez no trabalho de conclusão de curso, muitas vezes com louvor e estrelinha, e depois simplesmente te esquece. Nem se dá ao luxo de trazer uma cópia do resultado final para servir a futuros outros pesquisadores. Ingratidão é pouco.
Marega diz que nem liga mais pra isso, já está acostumado (Duvido), mas que hoje filtra melhor as solicitações que lhe chegam. Hã, hã...

Outra vez um aluno da Udesc-Laguna me solicitou uns dados sobre determinado assunto da cidade. Buscando ajudar – este meu coração mole, sempre ele - gratuitamente fiz um apanhado de umas dez folhas. Entreguei e até hoje não soube do resultado, não recebi nenhum retorno. Quando o encontro na rua está sempre com pressa ou monossilábico.
Mas, como diz o mocorongo, não há de ser nada não gavião, dor de barriga não dá uma vez só.

Digo isso porque muitas vezes vou longe em busca de uma foto, de uma entrevista, em busca de detalhes de nomes e datas, consultando velhos jornais, engolindo ácaros, cheirando mofo em arquivos empoeirados. Não é egoismo não em entregar os dados, mas um reconhecimento é bom e eu gosto.

O que eu vejo hoje em dia são alunos que querem tudo muito mastigadinho. É a geração da pressa, prato-pronto, vapt-vupt, (acostumados com os Googles da vida) como se alguém tivesse obrigação de fornecer dados ou escrever gratuitamente. Há quem se passa e abusa.
Aviso: Não sou professor, não sou funcionário da prefeitura, não ganho pra isso, se faço pesquisas e escrevo é porque sou curioso e gostio.., como dizia um antigo personagem humorístico da TV, sempre levando bordoada e adorando, masoquista. 
Pode até ser sem dinheiro, mas nunca sem "abraços, e beijinhos e carinhos ser ter fim". Hehehe.

Há algum tempo, numa exposição realizada de banners de fotografias da Laguna e de sua gente, constatei inúmeras fotos copiadas aqui do Blog, fotos de minha autoria e de outros conhecidos fotógrafos da cidade. Foram copiadas e ampliadas na maior cara de pau, sem licença, sem solicitação, na mão grande.
Quando fiz ver ao responsável pela exposição a falta de, pelo menos, o crédito nas fotos, o sujeito me respondeu de má vontade que a exposição era em nome da Laguna e que o crédito ele acertava outra hora.
O ignorantão entendeu que o crédito a que me havia referido era o vil metal e não o nome do fotógrafo na foto. Dinheiro estava ganhando ele - e muito - com os patrocínios da exposição.
Mas claro, que fique bem explicadinho, tudo e sempre em nome da Laguna, mas levando o dele.

Sem falar de e-mails e telefonemas de pessoas conhecidas, pedindo uma informação, uma dica. Quando sei, forneço, mas na maioria das vezes nem um: - obrigado babaca, recebo de retorno.
Mas como diz um amigo meu: – Quem manda ser tanso!

É o tal negócio: enquanto houver cavalo...

Portanto, não liga leitor, é somente um desabafo deste tanso (e quadrúpede), de decepções e ingratidões nesta área, na vida, como todo mundo tem e recebe, normal, infinita, afinal a gente “semos” humanos e não queremos só comida.

“Você tem sede de quê? Você tem fome de quê?" Já cantavam e perguntavam os Titãs.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Tolo o lagunense não é

Nosso historiador-mor, o lagunense Oswaldo Rodrigues Cabral, já dizia que “O lagunense é gente de brio, é preciso que se previna...Perdoa, mas não esquece. E lá um dia, quando pode, cobra de quem lhe afrontou, com os juros do ridículo, a conta dos agravos...”

E continuava: “Se há gente que descobre o calcanhar de Aquiles do seu próximo num abrir e fechar de olhos é a gente lagunense”.
E mais, escrevia Cabral:

“É uma gente, que tanto ou mais que o carioca, ela cria piadas, surpreende tiques, descobre fraquezas, aplica alcunhas, “põe pitáfios”, alfineta vaidade, desmancha cartazes com uma técnica impecável. Sem alardes. De mansinho, saboreando a piada. Gozando o espetáculo das suas “marionetes”. Animando-as a que se rebolem. Rindo dos rebolados. Soprando que nem bomba de gasolina as vaidades, para depois gozar o prazer de ver o esvaziamento, dando linha aos peixes para sentir o prazer da fisgada, dando corda para que se enforquem os tolos, só para apreciar o triste dos enforcado, e isso tem enganado a muito forasteiro, muito cabra metido a besta”.

E é o que mais se vê por aí, principalmente no meio político. Quantos no passado acharam que eram os tais na Laguna e quebraram a cara cedo cedo? Quantos acharam que estavam eleitos (ou reeleitos) ou feito seu sucessor(a) e foram surpreendidos por uma reação do povo, que não esperavam? Uma reação que não era o que sentiam nas ruas? Nos abraços, nos elogios, cumprimentos e sorrisos?

Mas a história sempre se repete e há os que não aprendem com ela. Mudam os personagens mas o enredo é o mesmo.
Basta um breve retrospecto na nossa história política-administrativa para se chegar a essa conclusão.

Que muitos políticos, principalmente os neófitos, não se deixem enganar. O lagunense pode não falar diretamente, se calar quando lhe convém, não se expor para não sofrer represálias, cidade pequena e tal, mas por dentro não se faz de tolo.
Urde sua resposta quietinho e na primeira oportunidade dá o troco com a pouca atenção que recebe de governantes ocasionais, de representantes que fazem pouco caso de seus problemas mais preeminentes, que não atendem suas reivindicações básicas, que lhe enganam com promessas nunca cumpridas. 
O lagunense percebe ao longe os conchavos, os acertos nos bastidores, o jogar pra platéia.
Se ainda há os que pensam que somos uns amarelos da farinha, papa-siris ingênuos, rapidamente vão descobrir a verdade. E encerrar suas carreiras bem cedo. Alguns até mais cedo do que imaginam.

Tolo o lagunense não é. Nunca foi.

domingo, 3 de novembro de 2013

Sermão de padre abala a fé de político lagunense

Semana passada, enquanto aguardava minha vez, sentado a uma poltrona numa barbearia no centro da Laguna, não pude deixar de ouvir o que dizia, em alto e bom som, um político lagunense – seria ele de Pescaria Brava ou aqui da nossa Laguna?
Fique, estimado leitor deste blog, na curiosidade.

O político contava ao profissional da barba, cabelo e bigode, enquanto este lhe escanhoava os pelos do rosto, sua contrariedade, sua revolta mesmo com um padre convidado e seu sermão proferido na missa de um domingo desses, numa igreja da região.
O padre – certamente ao perceber a presença entre os fieis nos bancos da igreja, de políticos da comunidade, figurinhas manjadas – deitou falação sobre corrupção em geral, mentiras e enganações e sobre as consequências da mão grande no baleiro público, em verbas e acertos de comissões em obras e licitações carimbadas.

Dizia o padre – e o político meio que apoplético repetia com gestos e falas as palavras do discurso do homem da batina – que os atos, as ações de hoje de muitos políticos, nesta vida terrena, para o bem e para o mal, serão o passaporte para entrada no céu ou no inferno, lá na outra vida espiritual.
E mais. Que determinados políticos podem ludibriar o povo, os eleitores, a sociedade, mas nunca enganarão suas consciências e o olhar de Deus que tudo vê, tudo sabe e anota no livro da trajetória de cada um, os nossos débitos e créditos.
Em suma, leitor, ameaçou com o mármore do inferno os enganadores da boa fé do povo, dos que ludibriam e enriquecem ilicitamente.

Evidentemente o constrangimento se fez notar e alguns pigarreavam, atônitos com tamanha ousadia. Houve até quem pensasse em sair para mijar, mas seria pior, daria muito na vista naquele momento.

Cá pra nós, o padre deveria estar inspirado e certamente indignado e revoltado com a conduta de determinados políticos neste Brasil varonil, noticiada diariamente por jornais, rádios e TVs.
Eu não sei se em algum momento o padre chegou a olhar diretamente para este político – Da Pescaria Brava? Da Laguna? - Pode ser que sim, pode ser que não, imagino, vá lá, que olhares se cruzaram, e certamente o dedo acusador da consciência deve ter doído e atingido o íntimo da alma do político, que se remexia, agoniado, no banco duro da igreja, conforme confessou.

Digo isso porque a revolta do político lagunense com o comportamento e palavras do padreco transparecia a olhos vistos.
Quem será ele? Em qual seminário se formou esse sacerdote? Desconheço, mas desde já, seja quem for, receba os meus efusivos parabéns e meu caloroso amplexo. Afinal, a verdade deve ser dita e alguém deve dizê-la, já era um antigo bordão de um decano radialista lagunense.
O Fígaro, monossilábico, trabalhava na tesoura - trec, trec, trec - e nem ousava retrucar as palavras do político, com receio certamente de perder o freguês e seus preciosos cobres.

E lá ficou o nobre político lagunense a proferir suas verdades, em discurso de grande expediente em tribuna livre improvisada, sentado numa cadeira de barbeiro, afirmando, contrariado, que política é uma coisa e religião bem outra, não se devendo misturar as duas, como fez o padre falador. 

Não sei o final da história, até porque fui chamado por outro profissional para cortar as minhas já grisalhas e parcas madeixas. Mas, depois fiquei meditando: será que o político lagunense, ao ouvir as palavras do padre, teria perdido sua fé? Trocado de religião? Mudado sua maneira de ser e agir?
Como teria recebido, na fila, a hóstia sagrada do sacerdote, enquanto ruminava lá no fundo, olhos nos olhos, circunspecto, seus atos secretos, seus possíveis acertos em bastidores de gabinetes? Como desvincular as causas das consequências, do aqui se faz aqui se paga, no chamado carma do budismo, lei de retorno ou futuras reencarnações, como prega o espiritismo?

Político acredita em outra vida ou somente  no que quer acreditar, no aqui e agora, no poder dos cifrões furtados à saúde, educação e segurança do povo?  Acredita na ação e reação ou somente no tilintar dos trinta dinheiros adentrando seus bolsos para aquisições de apartamentões e carrões,  ou calando vozes e consciências de quem ousa discordar, criticar ou descobre suas falcatruas?

Ou para muitos políticos só existe uma divindade chamada Mamon, com sua doutrina de cobiça, avareza e ganância?

De idiotas e imbecis

Nelson Rodrigues, numa entrevista à revista Playboy, em novembro de 1979, constatou e foi visionário, como sempre:


“O mundo só se tornou viável porque antigamente as nossas leis, a nossa moral, a nossa conduta eram regidas pelos melhores. Agora a gente tem a impressão de que são os canalhas que estão fazendo a nossa vida, os nossos costumes, as nossas ideias. Ou são os canalhas ou são os imbecis, e eu não sei dizer o que é pior. Porque você sabe que são milhões de imbecis para dez sujeitos formidáveis”.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Mirem-se no exemplo

Dia desses ao passar em Balneário Camboriú, não pude deixar de notar um belo prédio situado na chamada Terceira Avenida.
É lá que funciona, desde 2007, o Arquivo Histórico e a Biblioteca Pública daquele município.

O edifício possui três pavimentos: no térreo encontra-se a Biblioteca Municipal; no primeiro andar, periódicos, obras raras, espaço para leitura e pesquisa, além de acesso à internet; e no segundo andar está localizado o Arquivo Histórico.

A arquitetura do edifício possui uma concepção européia, tanto em sua forma como na ideia compartilhada de biblioteca e arquivo. O projeto foi realizado por um arquiteto brasileiro que projeta este tipo de estruturas na Europa.

O edifício tem especificações técnicas visando à conservação e preservação de documentos. Dentre elas podemos citar: painéis-janela com filtro UV e térmico, lâmpadas com filtro UV, arquivo deslizante/prateleiras em aço, detectores de fumaça, ar condicionado, etc.

Na área reservada ao Arquivo Histórico não existem janelas (tão diferente da nossa Casa Candemil), mas painéis de vidro, com filtro UV, térmicos, à prova de sons e até reforçado, protegido contra perturbações urbanas. Bem por isso não há contato direto do ar poluído com poeira vinda da área externa. 
E mais:
O Arquivo Histórico de Balneário Camboriú conta ainda com um Laboratório de Preservação e Restauro, onde os documentos são higienizados e tratados.

Eis um exemplo a ser copiado por nossos administradores. E não é situado nas “Oropa”, é logo ali, onde a cultura é verdadeiramente apreciada e valorizada e isso num município balneário que não tem 337 anos. Nasceu ontem, podemos comparar em relação à Laguna.

Enquanto isso nossa história muita mais rica e antiga vai se perdendo, com milhares de documentos, jornais, processos da Comarca em péssimas condições, além de livros encaixotados, longe dos olhos e mentes dos leitores.