segunda-feira, 31 de março de 2014

Rua do “letreiro borrado”

Hoje, ao passar na esquina da rua Barão do Rio Branco, aqui no centro e avistar a placa com o nome da via, não sei porque me lembrei de uma historinha curiosa contada – dentre tantas - por Saul Ulysséa, em seu livro “Laguna de 1880”.

Antes uma explicação:
A hoje denominada rua Barão do Rio Branco, em homenagem a José da Silva Paranhos Júnior, professor, diplomata, historiador, escritor, jornalista, antigamente era chamada de rua 1º de março.
E por que 1º de março?
Em homenagem à data em que aconteceu a vitória aliada na Batalha de Aquidabã, que pôs fim à Guerra do Paraguai, em 1875.
É também, coincidentemente, a data da fundação da cidade do Rio de Janeiro.

Pois bem. Diz Ulysséa, que esta rua teve anteriormente o nome de rua da Banca e conta o porquê:

“Naturalmente em época muito anterior existiu alguma banca de peixe que lhe deu o nome, em frente a esta rua, porque em 1880, era a banca em frente à rua Tenente Bessa”.

E é aí que Saul Ulysséa passa a narrar o fato curioso:

“Anos antes foi Juiz de Direito da Comarca o dr. Duarte Pereira, apelidado “Capivara”. Não sei se devido à irascibilidade ou exigência ao cumprimento da lei ou outra qualquer coisa, o que é certo é que gozava pouca simpatia por parte da população.
Os vereadores da Câmara, não sabemos por que motivo, entenderam dar seu nome a uma rua da cidade.
Vê-se que já naquele tempo faziam parte da Câmara, como nos tempos modernos, indivíduos que não compreendiam o valor da homenagem prestada a uma pessoa, dando seu nome a uma rua.
A escolhida para homenagear o juiz, foi a rua da Banca. Foi colocada placa com o nome de dr. Duarte Pereira.
O povo ou alguns indivíduos, como protesto, em uma noite borraram a placa da rua, que era pintada em taboa com os cantos arredondados tendo em volta uma tarja preta. Fundo branco com letras pretas.
Ficou a rua da banca apelidada: “rua do letreiro borrado”.


Não demorou muito foi o d. Duarte Pereira removido e penso que nulificaram a homenagem porque não consta nos livros da municipalidade a mudanças do nome da rua da Banca senão para 1º de Março”.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Amanhã...


Amanhã! A luminosidade, alheia a qualquer vontade, há de imperar...

Amanhã! Mesmo que uns não queiram, será de outros que esperam ver o dia raiar...

Amanhã! Apesar de hoje...

segunda-feira, 24 de março de 2014

40 anos da enchente em Tubarão

Hoje está fazendo 40 anos da enchente no município de Tubarão.
As chuvas torrenciais daqueles tristes dias, atingiram vários municípios, principalmente os do sopé da serra, como Lauro Muller, Orleans, Gravatal. Mas foi Tubarão quem mais sofreu a tragédia.
Ainda hoje há dúvidas sobre o número verdadeiro de mortos no município.
Laguna também foi atingida pela chuva e muitos bairros e localidades ficaram embaixo d’água.
O volume d’água que desembocou no Complexo Lagunar fez com que subisse o nível das Lagoas, assustadoramente.
Lembro-me aqui no centro das águas subindo minuto a minuto até que transbordou e ultrapassou o cais, invadindo os leitos das ruas e avenidas e as casas comerciais e de moradias da rua Gustavo Richard, Osvaldo Cabral e transversais, além de toda extensão da avenida Brito Peixoto (hoje Colombo Machado Salles).
E continuava a subir.
O desespero era visível em todos os rostos. Não havia o que fazer.
Foi quando arrebentou a Barra do Camacho e as águas fluíram rapidamente também pelo local.

Naqueles dias Laguna parou e sofreu como as nossas cidades vizinhas.
Famílias de Tubarão vieram para nossa cidade e aqui agasalhadas em casas de amigos e parentes. E gêneros alimentícios daqui deslocados para lá.
As quatro padarias de então – Imperatriz, Guanabara, Universo e Carvalho (esta situada ali na então Praça da Bandeira), trabalhavam dia e noite para suprir a demanda, porque muitas fornadas iam diretamente para Tubarão.
Longas filas se formavam nos armazéns. Supermercados ainda não existiam por aqui. O Angeloni vai ser inaugurado no final de 74 ou em 75, se não me engano.

Vejam algumas fotos clicadas pelo fotógrafo-mór Ibraim Bacha. Eram comercializadas em forma de cartão-postal:


Defronte ao Cine Mussi, entre a Osvaldo Cabral e a então
avenida Brito Peixoto (hoje Colombo Machado Salles.
Olha a banca do Chico, bem no centro da foto. E a placa do Ponto de Táxi do Oscarlino Fernandes.
Avenida Brito Peixoto (hoje Colombo Machado Salles).
Aos fundos a firma Pedone (hoje prédios do Centro AdministrativoTordesilhas, e Leni's).
Ao lado do Ceal, defronte a então Lanchonete 2001. Aos fundos, à esquerda
o prédio da nova rodoviária, que ainda não estava funcionando.
Rua Gustavo Richard - antiga Rodoviária da Laguna. Gurizada caminhava pelas águas.

Centro do Jardim Calheiros da Graça

Rua Gustavo Richard

Rua Osvaldo Cabral

Rua Gustavo Richard e os postos Esso e Atlantic.
Conversando este fim de semana com alguns moradores de Tubarão, que viveram àqueles tristes dias, pude sentir como o fato marcou suas vidas, e não era para menos. Cada um tem o seu relato, testemunho de horas e dias de angústia em que passaram lutando por suas vidas.
Até hoje é lembrado o lodo e seu forte odor que ficou impregnado nas ruas, roupas e objetos, por meses, anos até.
Televisores, geladeiras, fogões, etc. tinham que ser lavados e secados, em tentativa de recuperação.

Passados os dias, a realidade ia se mostrando cada vez mais cruel, com o número de mortos em Tubarão e a destruição causada em seu parque comercial e industrial.
Depois obras foram realizadas, o leito do Rio Tubarão foi retificado e hoje a vazão é muito maior, o que também aumentou a quantidade de entulhos em nossas praias.
Mas o povo da vizinha cidade-azul soube se reerguer, constituindo-se hoje num dos municípios mais pujantes do sul do estado.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Do meu amigo Jornalista Márcio Dison, sempre sensível, inteligente e verdadeiro:

O TEMPO EM QUE O FUTURO IMEDIATO
ERA PRESENTE DO INDICATIVO

Houve um tempo em que os gestos tinham mais sentimento
abriam-se portas, Bom Dia!,Obrigado!, tudo ao natural
sem pompa e circunstância,o falso, exagerado.

Houve um tempo em que as palavras tinham mais significado
valiam seu peso em lei, jamais soltas ao vento desigual
sem a banalização do verbo, ora roto, esfarrapado.

Houve um tempo em que fluía da sinapse de neurônios
um rio caudaloso de palavras e do diálogo com os afluentes
vertia a mais cristalina verdade. As palavras nasciam
muitas e aos borbotões entabulavam sentenças
(de diversas cabeças) e abençoadas orações.

Houve um tempo em que a palavra tinha um selo,
o aperto de mão. Seu empenho era forma de contrato
algo que uma assinatura jamais poderia sê-lo.

Houve um tempo e hoje há apenas este poema ultrapassado.

terça-feira, 18 de março de 2014

Nota de falecimento+

Faleceu hoje, no Hospital Nª Senhora da Conceição, em Tubarão, onde estava internado, Ablair Faber Pereira, aos 83 anos.
Seu Ablair foi farmacêutico por muitos anos em nossa cidade. Atendeu gerações.
Pessoa do bem, estimada, que viveu para o trabalho e para a família. Marido, pai e avô amoroso.
Deixa a esposa June e os filhos Aline, Carla, Helen e Norton, e seis netos.
Corpo está sendo velado na sala mortuária da funerária Santo Antônio dos Anjos (ex-Cine Roma) e sepultamento vai ocorrer às 17h30m de hoje (terça-feira).

Sentimentos aos familiares e amigos.

quarta-feira, 12 de março de 2014

“GETÚLIO (1930-1945) – Do governo provisório à ditadura do Estado Novo”.

“Nesta segunda parte da trilogia biográfica de Getúlio Vargas,  Lira Neto reconstitui a trajetória do político gaúcho entre o momento de consolidação do poder após a Revolução de 1930 e o golpe militar que encerrou o Estado Novo em 1945.
O autor constrói um painel que mescla com grande habilidade narrativa as vidas pública e privada de Getúlio ao longo desses quinze anos, marcados por acontecimentos dramáticos no Brasil e no mundo”.
632 páginas, Companhia das Letras.
Na primeira parte da trilogia, Lira Neto abordou “Getúlio (1882 -1930) Anos de formação à conquista do poder”, e que já me referi aqui.
Ver:
http://valmirguedes.blogspot.com.br/2012/09/getulio-1882-1930.html

segunda-feira, 10 de março de 2014

Outra vez os números...

Presidente da Santur e também secretário de Turismo, Cultura e Esportes do estado, Valdir Walendowski, em entrevista ao Diário Catarinense da última sexta-feira, informa que durante o feriado de carnaval, 500 mil turistas visitaram TODO O ESTADO DE SANTA CATARINA.

Vejam bem: 500 mil turistas para todo o estado. Gente pra chuchu, não é mesmo?

E há quem divulgue que 350 mil, 500 mil pessoas estiveram no feriado do carnaval na Laguna!
Então, essas 500 mil divulgadas pelo secretário estadual vieram todas elas, uma por uma, em fila indiana pela BR-101 para o carnaval da Laguna. Só pode!

Onde pararam? Pernoitaram? Se alimentaram?
Provavelmente dançaram as cinco noites sem parar e depois foram embora.

Cá pra nós, o que se ganha em divulgar números tão absurdos? Qual o benefício em fugir do real? Fazer média com assessores e prefeito?
Acham que com isso vai se atrair mais gente? Aumentar a cota de patrocinadores? 

Tem gente que subestima a inteligência dos outros.

A cidade não possui uma rede hoteleira com 3 mil leitos e pelo que soube, números preliminares mostram que a lotação hoteleira neste carnaval teria ficado entre 60% a 70%.
500 mil turistas para todo o estado, e só Laguna teria recebido 350 mil, 500 mil pessoas! Pois sim!
Basta uma continha básica para comprovar tamanho disparate.

Se cada lagunense (somos cerca de 40 mil hoje) se cada lagunense, repito - não é cada casa, vejam bem – se cada lagunense, bom anfitrião que é, recebesse uma caravana de 10 foliões, mesmo assim ainda teríamos “somente” 400 mil foliões. Cada lagunense abraçando e dançando com 10 foliões.


Só se nas contas dessa gente, soma-se os mesmos 100 mil foliões de sexta, 100 mil de sábado, 100 mil de domingo... até terça-feira, aí a conta pode até fechar, redonda como àquela cerveja, não tem?

Bem e mal

Alguns andam novamente dizendo e escrevendo por aí, que quem elogia atos e fatos de governantes de plantão quer o bem da terra, por isso são denominados “do bem”.
Por dedução lógica, quem critica, reclama, não concorda, chama a atenção para os problemas da cidade e dá sugestões, são enquadrados como “do mal”.
Fazem a dicotomia besta, primária, panfletária, que certo partido atualmente no poder vem praticando há alguns anos. É o maniqueísmo do:
- Nós mocinhos, vocês bandidos e até la vista baby!

Reconheçamos. Esses autointitulados “do bem” na Laguna, são do bem há muito tempo, lógico, a gente os reconhece de longa data, figurinhas manjadas da beneficência única, individual.

Sim! É verdade. São componentes de carteirinha do mui amado Bloco do Bem.

Do “BEM MAMADO”, evidentemente.

P S: Eis uma boa sugestão de nome para batizar uma nova agremiação para o carnaval do ano que vem, já que virou moda na Laguna criar blocos.
Na camiseta, que tal o desenho de uma grande e robusta mamadeira? 
Não vale morder.
A velha marchinha voltaria a ser cantada alegremente: "Mamãe, eu quero..."

A ideia é “de grátis”, não cobro direitos autorais.
Quantos abadás venderia? 

sexta-feira, 7 de março de 2014

A voz rouca das...praças

No baile das bonecas e concurso de marchinhas do Bloco da Pracinha, na quinta-feira de carnaval (27/02), prefeito Everaldo dos Santos tão logo começou a discursar, foi vaiado por muita gente. Um grande apupo na Praça Souza França, no Magalhães (maior colégio eleitoral do município, lembre-se), que o levou a largar o microfone e ir embora, seguido pelo seu secretário de Comunicação Celso Fernandes.

Eis um sinal de alerta que as coisas não vão bem, por mais que o prefeito receba elogios vindos de alguns assessores, vereadores, radialistas e jornalistas.
Pode ser sazonal? Pode. Pode ser no calor dos acontecimentos, das mudanças no carnaval do Bloco da Pracinha e do não desfile das Escolas de Samba? Pode, pode. Tudo pode.

Mas um apito deveria soar na cabeça do prefeito e de seu staff, afinal com um pouco mais de um ano de administração receber tamanha desaprovação de centenas de populares, é uma demonstração que tem alguma coisa errada. E não se trata mais de palavras de reprovações em redes sociais, como facebook ou em blogs.
A cara feia já está chegando às praças, prefeito Everaldo!
Além de alguns vereadores, vai ficar também refém do povo?
E como subir em palanques nas eleições vindouras? Como pedir votos para candidatos de seu partido?

Quais são as causas? Certamente atos e fatos acontecidos que estão de encontro aos interesses dos munícipes.
E acrescento e já escrevi aqui: ruídos na maneira de comunicar essas mudanças.
As mudanças implementadas - muitas delas positivas, sem dúvida - têm que chegar mais rápido à população. Problemas serem esclarecidos antecipadamente, respostas e soluções sem demora.

No caso, se o Bloco da Pracinha foi ajudado pela prefeitura ou por patrocinador, deve-se mostrar essa ajuda. E mostrar abertamente, com transparência. Se foi acordado com Ministério Público as alterações de roteiros, caminhões, som, etc., os chamados ajustes de conduta em documento assinado pelos participantes, que se mostre isso. Não chamar a responsabilidade para si em tudo que acontece.

Mudanças já, prefeito Everaldo, em algumas atitudes, assessores, pensamentos, formas de fazer e de comunicar. Os discursos parecem não convencer mais. A eleição já passou há muito tempo.

Muitos políticos já entraram nessa e encerraram suas carreiras mais cedo do que pensavam. Ou não galgaram cargos eletivos mais elevados. Os exemplos estão aí, é histórico. Não subestime a voz rouca das ruas e praças. Ela sempre diz algo.


Mudanças rápidas, urgentes, porque há um trecho na linha da caminhada política em que não há mais como reverter o que acaba consolidado. 

quinta-feira, 6 de março de 2014

Nota de falecimento+

Faleceu no dia de hoje, em nossa cidade, Valmor Valdomiro Matos, aos 67 anos, funcionário da prefeitura por 37 anos, como motorista e chefe de oficina, morador do Campo de Fora.
Deixa a esposa Erotildes) Tida, filhos e netos.
Corpo está sendo velado na sala mortuária da funerária Cristo Rei (ao lado do Ceal) e sepultamento ocorre às 9 horas desta sexta-feira.

Sentimentos aos familiares e amigos.

Pela segunda vez não houve quórum na Câmara. Haverá amanhã?

Nove projetos do Executivo estão na fila aguardando votação na Câmara de vereadores da Laguna.
Pela segunda vez não houve quórum.
Quarta-feira passada sete vereadores não compareceram. Já nesta quarta-feira , oito vereadores faltaram à sessão.
Foram eles, Thiago Duarte (PMDB), Valdomiro Barbosa Andrade (PMDB), Zezinho Siqueira (PT), Antônio Silva Bombeiro (PR), Rodrigo Moraes (PR) (atestado), Patrick Mattos de Oliveira (PSB) (justificou) além de Rogério Medeiros (PMDB).
Mais o presidente Roberto Alves (PP) (viajando).
Toda a Mesa Diretora não compareceu. Presidente, vice, 1º e 2º secretários.
Por quê? O que está acontecendo? O que querem? Algum tipo de boicote?
E pensar que votamos - muitos de nós - na esperança de mudanças...

Outros tempos

Agora é assim. Perde-se um ente querido – pai, mãe, avô, avó, irmão, filho, mulher, marido – e poucos dias depois já se vai pular o carnaval, dançar e cantar, com fantasia e tudo. 
Longe de mim ser crítico de costumes - quem sou eu - mas fui criado em outros tempos não tão longe assim e acho uma tremenda falta de respeito com a memória do falecido. Será fruto da criação cristã-ocidental? Ou os novos tempos estão mudando até a forma de expressão do luto?

Sei que a sociedade cobra isso ou aquilo, regras, comportamentos, enquadramentos e tudo mais, mas não consigo achar normal essa conduta. Sei que o tempo de luto é subjetivo, evidentemente, ele dura enquanto durar e cada um tem o seu.
Há povos que comemoram a morte e choram o nascimento, mas não é o caso do nosso.

Mas o que mais fico estupefato não é o ir. Cada um faça de sua vida o que bem entender, é livre para isso, o chamado livre-arbítrio. 
Me pergunto é como e onde se encontra alegria para cantar, rir, dançar e sambar num momento que considero triste, de perda, de saudade, de ausência. Momento de melancolia, principalmente por quem foi bom em vida. Pelo menos imagino que assim deveria ser.

Posso estar errado mas quando isso acontece, acho que não se gostava tanto assim de quem se foi. Estou errado? Que evolução é essa?
Quer se comemorar por estar vivo? É isso? Pelo mesquinho “antes ele do que eu”? Morreu, morreu e não se fala mais nisso? A vida continua?

Nossos atos são retratos do que vai em nossas almas.
Aos 54 anos já estou ultrapassado, eu sei, no meu pensar, no meu dizer e nos meus sentimentos.

Ó tempos! Ó Mores! Como diria Cícero.

quarta-feira, 5 de março de 2014

“Sincericídio”

Romeu Tuma Jr., em seu livro “Assassinato de reputações – um crime de estado”, obra que já me referi aqui há alguns dias, traz uma palavra que me chamou a atenção e fez pensar.

A palavra é o título desta matéria: “Sincericídio”. Que significa o ato de suicidar-se por ser sincero. Um neologismo criado por ele.
Romeu Tuma Jr., perdeu seu cargo de secretário de Justiça e teve seu nome enxovalhado por ser simplesmente sincero e fazer o dever de casa, fazer e dizer aos seus interlocutores e superiores, o que é certo.

Quantos de nós já não perdemos amizades - inclusive familiares - por sermos sinceros? Quantos de nós já não perdemos empregos, cargos ou de galgar posições profissionais, por dizermos verdades?

Evidentemente que não me refiro aqui, aqueles atos e palavras – e às vezes alguns silêncios, muitos silêncios – a que somos obrigados a praticar no dia a dia, por mero protocolo, por afabilidade, educação e por etiqueta.
Se você, como se diz, for casca-dura 24 horas por dia, 365 dias por ano, acaba sozinho, sendo taxado de um sujeito grosseiro, maus-bofes, chato e ignorantão. Um pouco de jogo de cintura sempre há que se ter. Pode-se vergar a coluna, mas nunca quebrá-la.

Enfim, certo tato faz parte do jogo – e da vivência - das relações humanas. Há certas verdades que é melhor calar, olhar para o lado e contar até dez sob pena de você acender o estopim de uma bomba nuclear.
Imagine, por exemplo, você responder sincero a sua mulher, a poucos minutos de um evento social – um jantar, um cinema ou uma balada, se aquele vestido recém-comprado, lhe fica bem, se não a deixa gorda?
Se você for sincero, responder sempre a verdade, putzz... com certeza vai perder o evento. E dormir no sofá, pra deixar de ser besta.
Há sempre que se medir as palavras. E a sinceridade. Há momentos para tudo.

Mas também não ter posição, não ter opinião, ser um insosso nas questões surgidas no dia a dia, estar alheio aos acontecimentos, é também desaparecer na multidão, ser um zé-ninguém, um zero à esquerda.
E por acaso, alguém gosta de picolé de chuchú?

Pois bem. Depois de todo esse nariz de cera que fiz, quero dizer que há muitas pessoas, políticos principalmente, que tão logo assumem o poder, preferem ouvir somente os áulicos que os rodeiam. Quando ouvem!
Porque muitos políticos – vereadores, prefeitos, secretários – picados pela mosca azul, começam a se achar a derradeira cocada preta, a última coca-cola do deserto, como diz a letra do pagode.

E são ludibriados pelos elogios de assessores ou pelas bocas e canetas alugadas por cargos para si ou familiares. Ou então na base de patrocínios de milhares de reais.

Esses políticos, ao defrontaram-se com as realidades das ruas, com a reação do povo em forma de vaias a suas atitudes e atos, ficam surpresos. Dizem que não esperavam, que é injusto.

Não esperavam porque estão fora da realidade, porque ludibriados numa redoma de mentiras e enganações. Já vivem em outra galáxia.
Muitos serão políticos de um mandato só ou não mais serão reeleitos ou eleitos para cargos outros.

Machado de Assis escreveu que é mais fácil cair das nuvens do que do quarto andar, querendo dizer com isso que é melhor despencar de um sonho, do que de um prédio, que é altura real, perigosa e mata, literalmente. Ou politicamente.

É bem isso.