quinta-feira, 30 de abril de 2015

RCA continua presidente da Câmara

4ª Câmara do Tribunal de Justiça de SC julgou hoje, quinta-feira, mandado de segurança que pedia a perda da presidência da Câmara de vereadores da Laguna, exercida pelo vereador Roberto Carlos Alves. Julgavam-se acusações de irregularidades em sua reeleição para presidência daquela Casa.
O relator, desembargador Júlio Cesar Knoll havia votado pela cassação do mandato de presidente.
Chega notícia agora à noite, extraoficialmente (não foi publicada ainda no site) que o voto do relator foi derrubado e a votação foi de 2 X 1.

Vereador Roberto Carlos Alves continua presidente do Legislativo Lagunense.

Nota de falecimento+

Faleceu no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Tubarão, onde estava hospitalizado, Dickson Guedes Ulysséa, aos 62 anos, vítima de aneurisma cerebral, morador do bairro Magalhães. Filho de Nilda e Dickson Ulysséa.
Corpo está sendo velado em nossa cidade, na sala mortuária da funerária Santo Antônio dos Anjos (ex-Cine Roma) e sepultamento ocorre hoje, quinta-feira, às 17 horas.
Deixa a esposa Esmeralda Martins, filhos Rafael e Bruna, e um neto.
Sentimentos aos amigos e familiares.

Faltou dizer

Somente agora, quinta-feira pela manha, sou informado que o Baile com The Claytons será restrito aos ex-alunos do CEAL que jantarem e/ou forem hóspedes do Hotel.

Problemas de logística e segurança, informam os organizadores do evento na página do Facebook.

sábado, 25 de abril de 2015

V Encontro de ex-alunos do CEAL

Baile com The Claytons


(Faltou dizer)
Somente agora, quinta-feira pela manha (30/04), sou informado que o Baile com The Claytons será restrito aos ex-alunos do CEAL que jantarem e/ou forem hóspedes do Hotel.

Problemas de logística e segurança, informam os organizadores do evento na página do Facebook).

Dia: 02/05/2015 (sábado)
Local: Laguna Tourist Hotel
Horário: 22h
Ingresso individual: R$ 30,00 (a ser adquirido no local).

Venha se divertir, cantar e dançar os maiores sucessos dos anos 60/70 e 80, executados por um Conjunto que marcou época no sul do estado e na lembrança de todos nós: The Claytons, de Imbituba. Após a apresentação, o show continua com nossos colegas músicos e cantores.
Reveja amigos de sala de aula do CEAL, de um tempo inesquecível.
Haverá também visitação ao CEAL, no sábado pela manhã, 02/05, a partir das 9h.
Confirme sua presença e maiores informações na página do Facebook: ex-alunos do Ceal.


Obs: Jantar: R$ 55,00. Almoço: R$ 45,00 por pessoa, diretamente com a recepção do Hotel. Baile: R$ 15,00 para hóspede. Confirmar até o dia 29/04/15.

Elis eterna - Igual a ela nunca mais

Como nossos pais - Belchior

"Na parede da memória essa lembrança é o quadro que dói mais..."

terça-feira, 21 de abril de 2015

MOSTRA EMCENACATARINA, no Cine Teatro Mussi - Promoção Sesc

Para celebrar os 15 anos do EmCenaCatarina, maior projeto de circulação de espetáculos de teatro do Estado, o Sesc inova e potencializa a ação que acontece em formato de mostras de teatro. De 6 de abril a 8 de maio, 24 cidades catarinenses vão receber a programação.  O projeto teve lançamento estadual em Florianópolis, nos dia 26, 27 e 28 de março, e percorrerá todas as regiões do estado. 

Os minifestivais são realizados em três dias consecutivos, com apresentações das três peças selecionadas nesta edição, sempre com entrada franca. “Cascaes – Memórias do Homem de Argila Crua”, da Cia. Aérea de Teatro (Florianópolis) homenageia Franklin Cascaes, um dos pesquisadores artistas mais importantes de Santa Catarina. “Ronin – Luz e Sombra”, da Cia. Eranos Círculo de Arte (Itajaí) é um evento teatral urbano que acontece em dois capítulos ao entardecer.
O espetáculo cômico circense “La Conquista”, da Cia. Dalecirco (Florianópolis) apresenta uma história de amor e conflitos

CINE TEATRO MUSSI - 24/25 e 26 de abril

Cascaes - Memória do Homem de Argila Crua
Cia. Aérea de Teatro - (Florianópolis)
Dia: 24/04 - Sexta-feira
Horário: 20h
Duração: 1h
Classificação etária: 12 anos (apresentação de documento de identidade).   

***

Ronin – Luz e Sombra
Cia. Eranos Círculo de Arte - (Itajaí)
Dia: 25/04 - Sábado
Horário: 17h30m
Duração: 45m
Classificação etária: Livre

***

La Conquista
Cia. Dalecirco - (Florianópolis)
Dia: 26/04 - Domingo
Horário: 20h
Duração: 50m
Classificação etária: Livre

Sesc - Sessões gratuitas
Ingressos disponíveis a partir de 1h antes de cada 
espetáculo na bilheteria do Cine Teatro Mussi.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Escuridão

Há mais de três meses, todas, repito, TODAS as luminárias ao longo do cais do Centro Histórico da Laguna estão apagadas. Das Docas até a escadinha.
E ninguém. ABSOLUTAMENTE NINGUÉM, toma alguma providência.
E nós pagando a tal de Cosip.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Zinabre e caruncho

Não. Não é uma dupla de artilheiros de algum time de futebol. Mas estão fazendo um estrago...
O zinabre e caruncho estão tomando conta de todos os bustos, estátuas e monumentos da Laguna. Fundação Lagunense de Cultura tem de tomar providências urgentemente. Limpeza e um banho de óleo são necessários.
Estátua de Anita, Bustos de Garibaldi, Clito Araújo, Jerônimo Coelho, Domingos de Brito Peixoto, dr. Paulo Carneiro, Monumento ao Trabalhador, etc.
Será que sou só eu que estou percebendo a péssima situação? Nossas “doutas” autoridades da área não observam?
Falam tanto em cidade cultural, histórica, etc.

Péssima imagem pra cidade, sinal de abandono e desleixo. Turismo e cultura assim?

Pote de mágoas

Vereador Kleber (Kek) Lopes Rosa (PP) na sessão de quarta-feira, afirmou que a exoneração do secretário Luiz Fernando Schiefler Lopes da secretaria municipal de Educação, deu-se única e exclusivamente pela não renovação do contrato de cessão com a CEF, lançando com isso pressão sobre o prefeito.
O vereador, que de bobo não tem nada, sabia - e seus caracóis de cabelos  também - que o motivo era bem outro. Perdeu uma ótima chance de ficar calado.
Hoje, sexta-feira, em entrevista a Batista Cruz, prefeito Everaldo foi categórico: a exoneração se deu a pedido de uma ala do PP da Laguna. Não deu nomes. Fogo amigo. Amigo???

Potes de mágoas estão sendo derramados por aí.

Deu na coluna do Sartori:

Camarão

“O Tribunal de Contas da União realizou auditoria no seguro-desemprego do pescador artesanal, benefício gerido pelo Ministério do Trabalho e Emprego que assegura renda ao pescador profissional artesanal nos períodos em que há paralisação da pesca em função da época de defeso. Constatou indícios de pagamentos indevidos de 30.228 parcelas do benefício, que alcançam um total de R$ 19,5 milhões entre janeiro de 2012 a junho de 2013. Em SC o maior número de irregularidades foi encontrado em Imarui”.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Nota de falecimento +

Faleceu nesta madrugada, no Hospital Florianópolis, na capital do estado, onde estava internada, dª Maria Stella (Stelinha) Martins Rosa, aos 83 anos, viúva do saudoso Juarez Rosa, e progenitora dos amigos Fátima, Pedro Rosa Neto e Zuleida. Estava enferma há meses.

Dª Estela foi professora de Ensino Religioso do Grupo Escolar Jerônimo Coelho e outros estabelecimentos escolares, como a Escola Básica José Maurício dos Santos, na Caputera.  Membro do Apostolado da Oração da Matriz Santo Antônio dos Anjos. Moradora de toda uma vida ali da Praça República Juliana. 

Mais que mãe, foi companheira dos filhos, sempre presente em todas as dificuldades. Religiosa, exerceu também o ofício de costureira. Uma lutadora, que nunca se deixou abater, sempre com um sorriso e uma palavra de incentivo a todos. Era ótimo conversar com dª Estelinha, sempre contando um "causo" engraçado.

Corpo será velado na Capela do Hospital Senhor Bom Jesus dos Passos e sepultamento às 16 horas.

Sentimentos aos amigos e familiares.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Nota de Falecimento +

Faleceu ontem no Hospital São João Batista, em Criciúma, Manoel Francisco de Oliveira, para nós conhecido carinhosamente como “Manequinha do Nelma”, aos 89 anos. Nasceu em Urussanga, em 10 de abril de 1926.
Em Criciúma trabalhou como vendedor e mais tarde comerciante.

Foi proprietário em nossa cidade durante décadas da tradicional (e hoje extinta) Loja Nelma (nome em homenagem a uma de suas filhas), estabelecimento comercial situado entre a Jerônimo Coelho e Gustavo Richard.

Ingressou no setor cerâmico em 1974, adquirindo parte do controle acionário da Cerâmica Urussanga. Posteriormente foi fundador da Ceusa Revestimentos Cerâmicos, empresa que se projetou no Brasil e no exterior, adotando tecnologias inovadoras. Trabalhou até há alguns meses só se afastando para tratamento de sua saúde debilitada. Foi benemérito de obras assistenciais na região onde a empresa atua e também aqui na Laguna. Colaborou e muito, por exemplo, com a Sociedade Musical Carlos Gomes.

Foi casado com Maria Tereza Remor e pai de quatro filhos, Ricardo, Eduardo (in memorian), Nelma, Marisa e Clarisse.
Seu corpo foi cremado no crematório Millenium, em Içara.

Sentimentos aos familiares e amigos.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Nota de falecimento +

Faleceu no final da tarde de hoje, em Florianópolis, Sérgio Martins Nacif, aos 78 anos, vítima de infarto.
Eis uma notícia que tristemente não gostaria de escrever.

Há poucas semanas, quando do velório da professora Natércia Faria Ferreira, aqui esteve com a esposa Isabel, e conversamos por alguns minutos. Era leitor assíduo deste Blog e sempre salientava isso com todos de seu relacionamento, principalmente os conterrâneos na capital do estado ou quando me encontrava.

Foi meu professor de Física no CEAL e escrevi em 2011 uma crônica sobre ele, relembrando fatos, nomes e histórias.
No mesmo dia me ligou agradecendo as palavras elogiosas (quem tem berço é outro nível) e passamos mais de uma hora ao telefone. Era um gentleman no trato com as pessoas. Inteligente, sincero, conquistava a todos com seu jeito amigo e espontâneo de ser. Sempre ao seu redor formava-se uma rodinha de amigos querendo compartilhar seus conhecimentos, conversas e risos.

Meus sentimentos aos familiares e amigos, em especial aos seus filhos e esposa Maria Isabel, também ela minha professora de Química.

Não sei ainda o horário de velório, sepultamento e local. Logo mais informo.
PS: Atualizando às 10 horas: Soube agora que corpo do professor Sérgio será cremado no início desta tarde no crematório de Camboriú em cerimônia restrita aos familiares.

*** 
Transcrevo abaixo, a matéria que escrevi sobre o professor Sérgio, publicada em 22/05/2011 na primeira fase aqui do Blog.
É minha humilde homenagem a um professor de gerações. E que nos ensinou muito.


Professor Sérgio Martins Nacif
Continuando a série sobre professores que passaram pela minha vida, relembro hoje o mestre Sérgio Martins Nacif.


O conheci bem antes do CEAL, quando vez ou outra aparecia na oficina de meu pai para, além de reparos em sua televisão - final da década de 60 e começo da de 70 - conversar sobre eletricidade e eletrônica. Entender mais um pouco, na prática, o que ministrava na teoria.
Casado com a também professora de Química Maria Isabel (Bellaguarda) Nacif, professor Sérgio era funcionário, economista da Codisc, a Companhia de Distritos Industriais de Santa Catarina, criada na administração do governador Konder Reis, com instalações no andar térreo do Colégio Stella Maris e depois transferida para Florianópolis, no prédio do ARS.

Filho de dª Sueli e do “seu” Salum Nacif, um dos homens que sempre admirei por sua inteligência,  trabalho e dedicação à cultura da Laguna.
Salum Nacif, pesquisador, maçom, junto com seu grande amigo projetista e escritor Wolfgang Ludwig Rau, e apoio do prefeito Mário José Remor, foram responsáveis pela criação e implantação da quase totalidade de monumentos, bustos e estátuas que ornamentam Laguna, preservando a história e homenageando a memória de nossos antepassados.
Entre eles o Monumento ao Tratado de Tordesilhas, a Estátua de Brito Peixoto, Busto de Jerônimo Coelho e Monumento à maçonaria, e o Busto de Garibaldi, no Jardim Calheiros da Graça, na Praça Vidal Ramos. Salum foi diretor da Rádio Garibaldi, no tempo em que Luiz Paulo Carneiro (seu genro) era proprietário da emissora.

Professor Sérgio ministrava Física no Cientifico do CEAL, ali por 1976, 77, num tempo em que o curso Científico era um verdadeiro e valioso pré-vestibular, com aulas valiosas para o exame que se anunciava breve para todos nós. Isso numa época em que não existiam cursinhos específicos em Santa Catarina. Era a nossa Laguna sempre pioneira.
Não era fácil cursar o Científico, como vocês podem pensar. Matemática, Física, Química, Biologia, Inglês e Português eram os terrores de muita gente. Porque era puxado.

Mas como me disse uma professora dia desses, quando a elogiei por aqueles tempos:
- Nós éramos bons professores, é bem verdade, mas vocês também eram ótimos alunos, atenciosos, educados e interessados, tão diferentes da grande maioria dos de hoje em dia.

Penso que é verdade e modestamente reconheço (reconhecemos?).
Tanto era verdade e os ensinamentos regiamente aproveitados, que a maioria de nós alunos foi aprovada nos primeiros vestibulares, nas mais diversas localidades. Houve quem fosse para a UFSC, em Florianópolis, a grande maioria, como foi o meu caso; mas alunos também partiram para Curitiba, São Leopoldo, Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro e hoje são profissionais por esse Brasil afora. Tantos nomes, tanta gente por aí, tantos valores...

As aulas de Física eram aos sábados pela manhã, quando duas turmas eram unidas numa mesma e grande sala. Começava às sete e meia. Isso mesmo! Praticamente de madrugada e se estendiam até ao meio-dia e meia com um pequeno intervalo de quinze minutos que na maioria das vezes pedíamos para cancelar.
Hoje seríamos conhecidos como “cdf”, “caxias” e outras “coisitas más”. Naquela época,  o mau aluno, o desinteressado, o não estudioso, era execrado da turma, não se criava no meio. As meninas corriam dele.
Hoje em dia, com a atual inversão de valores, o mau aluno é exemplo pra galera e até recebe elogios e homenagens. O estudioso, o educado, o atencioso passa por babaca, por tolo, por otário.

Mas pensam vocês que por causa da disciplina, do dia da semana e da carga horária, o pessoal cabulava? Engano. Eram as aulas mais concorridas do CEAL e havia até quem chegasse mais cedo em busca das primeiras carteiras para se sentar.

Professor Sérgio Nacif sempre foi um cavalheiro, atencioso, inteligente, conversador e bem humorado. Era tricolor de coração, mas sem exageros. Tornava suas aulas agradáveis, dando exemplos da Física no dia a dia de nossas vidas e bem por isso gravava em nossas mentes as fórmulas dos problemas que apresentava em classe. E não cansava de repetir uma explicação, retornar a um detalhe despercebido, clarear uma solução não bem entendida.
Isso tudo com sorrisos, sem discursos histriônicos, sem humilhar o aluno, na classe e na educação. E sem distinção de cor ou condição sócia-econômica.

Bem depois, cada um seguiu seu caminho, como é próprio da vida.
Em 1995, quando lancei o jornal Tribuna Lagunense, professor Sérgio, já aposentado, foi um dos primeiros a assinar a publicação, levando até lá em casa o valor da assinatura.
Gesto que me marcou porque sabia eu que mais do que a assinatura do periódico era o apoio que ele me dava na luta pelos interesses da nossa Laguna.

Professor Sérgio com sua querida Maria Isabel, reside na capital do estado, mas posso afirmar que é morador do mundo, sempre viajando em busca de outras culturas e descobertas. Caminhante de muitas estradas. E é leitor aqui do Blog, o que muito me honra.
Finalizo este texto, que já vai longe, para agradecer aos ensinamentos do meu eterno professor Sérgio Martins Nacif.

Muito obrigado.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Jardim Calheiros da Graça completa 100 anos

Neste mês de abril, precisamente no dia 25, o Jardim Calheiros da Graça, na Praça Vidal Ramos, completa 100 anos de sua inauguração. Que tal a Fundação do Meio Ambiente e/ou a Fundação Lagunense de Cultura organizar uma homenagem ao aniversário?

No começo do século XX, o prefeito do Rio de Janeiro, Pereira Passos (1902-1906), promovia naquela cidade uma urbanização, saneamento e civilização da recente Capital da República. Era o chamado “bota - abaixo”.
O centro da cidade foi o local que sofreu as maiores transformações.
Avenidas foram abertas, morros desmanchados, mangues aterrados. Nem tudo deu certo, é bem verdade. Cortiços foram derrubados e sua população, sem ter pra onde ir e não querendo se afastar do centro, começou a subir os morros dando origem à ocupação desordenada, as conhecidas favelas, hoje denominadas (num linguajar politicamente correto) de comunidades.
Mas os maiores objetivos, que era o saneamento básico e a higiene foram conseguidos.  Pereira Passos quando estudou em Paris, tinha presenciado as reformas urbanas promovidas por Georges-Eugène Haussmann e as implantou no Rio de Janeiro.

Urbanização também na Laguna

Na Laguna não era diferente. No segundo quartel do século XIX, com a chegada de imigrantes e o início da exploração do carvão no sul do estado e construção da Estrada de Ferro Tereza Cristina, uma onda de progresso começa a varrer a cidade.
Antigo Campo do Manejo, em 1906, onde hoje é o Jardim Calheiros da Graça.
Teatro, clubes, Sociedades Musicais e carnavalescas, Grupos Escolares, jornais, biblioteca, hospital, mercado, são construídos e inaugurados. Pelo porto da cidade escoavam produtos primários e chegavam os manufaturados. O tráfego com outras praças era intenso, inclusive com o Rio de Janeiro.
“Inegavelmente, foi a época de maior luxo em nossa terra”, diz Saul Ulysséa, em sua obra A Laguna de 1880.

Mas a cidade ainda sofria com a falta de saneamento básico, as ruas não eram calçadas, não havia um cais para seu porto e existiam zonas alagadiças em pleno centro da cidade. 

Num relatório feito pelo Juiz Dr. Francisco Izidoro Rodrigues da Costa, contendo informações da cidade, podemos ler:

“A Laguna, cidade importante da Província, não tem procurado melhorar o seu estado sanitário.
As emanações pantanosas, sobretudo, que favorecem a propagação de epidemias, não são extintas. A Providência favoreceu o povo com uma contínua mudança de ventos, que carregam os miasmas e contribuem para a salubridade, embora de 1874 a 1878 a epidemia da Varíola dizimasse a população. Estando em frequente comunicação com o Rio de Janeiro, facilmente se importa a Febre Amarela, as bexigas e todas as espécies de epidemias. Deve-se por isso conservar as casas, as ruas, os valos e outros focos de miasmas sempre acionados, observando os preconceitos higiênicos”.

Mais adiante ele faz um alerta:

“Muitas são as necessidades locais que já deixamos ditas no correr deste  trabalho, tudo está por fazer: A barra necessita ser melhorada, cemitério ser construído, as suas ruas, calçadas, o mercado, o chafariz construídos. Se pelos esforços comum não se levar a efeito os melhoramentos  indispensáveis ao cômodo e bem-estar, construindo-se, assim uma independência dos favores do Estado, jamais, por outra forma, dar-lhe-á prova de vitalidade e prosperidade. A população almeja possuir tão importantes melhoramentos”.

Comissão de aformoseamento – Surge a Praça e o Jardim

Jardim na década de 60.
Nos primeiros anos do século XX, comerciantes, armadores e autoridades do município se reuniram para dar uma nova cara para a cidade.
Foi criada, em 14 de julho de 1907, por iniciativa de Ataliba Goulart Rollin e seu cunhado José Guimarães (Juca) Cabral, uma “Comissão de Aformoseamento” para sugestões, projetos e arrecadação de numerários para as futuras obras.
Entre elas a construção do cais em granito, passeios, calçamento de ruas, iluminação elétrica, etc
Entre 1914 e 15 organizam o Jardim Calheiros da Graça com chafariz, palmeiras e iluminação. É inaugurado em 25 de abril de 1915, juntamente com o chafariz, construído por Marcos Gazola.



Observe o esmero dos canteiros e da poda em árvores.

Árvores e as palmeiras imperiais

O Jardim Calheiros da Graça na década de vinte, ainda com o muro e cerca de proteção, que foram retirados em 1925. Observe o pequeno tamanho das palmeiras na esquina da rua Santo Antônio com XV de Novembro. À direita na foto, a bandeira do Clube Blondin tremulando em sua antiga sede. 

Os dois, Rollin e Cabral, em contatos com autoridades no Rio de Janeiro, encomendaram oito palmeiras ao Jardim Botânico de Petrópolis, no Rio de Janeiro. Ataliba Goulart Rollin era Botânico e conhecia o Jardim da Cidade dos Príncipes.

Em 1915, chegaram a Laguna pelo navio Mayrink, em seu porão, até como lastro, oito mudas das palmeiras que foram plantadas em duplas nos quatro pontos cardeais da Praça, por Fernando Chatão, primeiro jardineiro que a então Superintendência da Laguna (hoje seria prefeitura) colocou como encarregado do nosso Jardim, em cujo cargo esteve até a década de vinte.

Elas chegaram pequenas, mas se adaptaram tão bem, que em poucos anos atingiram a altura de muitos metros.

O saudoso músico e escritor Agenor Bessa, num rasgo poético escrevia numa crônica de 1982, uma verdadeira ode às palmeiras. Acompanhem e sintam a beleza do texto:

“Aí estão as palmeiras, assistindo festas, testemunhando início e fins de gerações, chorando enterros, assistindo casamentos, ornamentando desfiles e passeatas cívicas, ouvindo retretas e concertos, assistindo procissões, festas carnavalescas, idílios amorosos!
Quantos segredos, não estarão elas guardando! Se elas falassem e rissem assim como os humanos! Que franco gargalhar quando tivessem que contar as bazófias, as mentiras, as falsas promessas apresentadas nos comícios políticos havidos durante todos esses anos de existência!
Oh! Testemunhas mudas porém vivas do rebu desta cidade que ri, que chora, que aplaude, que sofre as mais doridas injustiças! Que se humilha diante dos algozes!
Oh! Palmeiras Imperiais! Oh! Calheiros da Graça! Atrativos poderosos dos saudosistas que te contemplam embevecidos relembrando suas mocidades”.

Tudo (ou quase tudo) aconteceu nesta Praça

Durante anos, e como sucede em todas as cidades do interior, tudo praticamente aconteceu nesta Praça, neste jardim e em seu redor. Por gerações.Das festas religiosas às pagãs, como o carnaval. 
Do footing de antigamente, passando pelas paqueras, olhares 43 da década de 80 e pelo ficar de hoje...
Antes, e mais, muito mais do que hoje, seus canteiros foram testemunhas oculares e silenciosos de beijos roubados, promessas vãs e daquele discreto amasso.
Quem não ficou naquele pra lá e pra cá, em turma ou sozinho, somente observando? 

Quem não saiu da sessão do Cine Mussi, passou na Miscelânea, comprou um sorvete e foi saboreá-lo sentado nos bancos de granito gelado do Jardim? 
Quem, quando criança, não caminhou e correu sobre a murada circular do chafariz? Quem não tem uma foto sentado ali?
Quem não subiu em suas árvores, mas sempre atento aos avisos do jardineiro “seu” capivara? 
-Desce daí menino!

Quem não sentou em seus meios-fios durante horas, pai e mãe atentos aguardando os desfiles de blocos que depois se transformaram em escolas de samba? 

Quem não procurou um melhor local para assistir as apresentações das agremiações carnavalescas no palco de madeira montado na rua Conselheiro Jerônimo Coelho?
Quem não participou da Festa de Santo Antônio dos Anjos, e saboreou uma maça-do-amor, cocada, algodão-doce, compradas nas barraquinhas montadas?
Quem, fim de baile de carnaval no Congresso, não dançou e pulou ao amanhecer, pelas calçadas ao redor do Jardim, acompanhando a banda, à toa na vida, como na canção?

Sonhávamos então em conjunto, utopias várias, castelos de areia, para que a festa fosse interminável, realizações todas e nossa juventude eterna.

Chafariz iluminado, anos 80. Foto: Gê.
Até 1925 o Jardim foi cercado e fechado à noite, para que animais não o invadissem e destruíssem flores e plantas. Jardineiros foram contratados e um belo chafariz foi construído em sua parte central.
Uma plantinha, uma figueira nascida na quilha do barco Seival para o local foi transportada em concorrida cerimônia cívica, transformando-se na chamada Árvore de Anita (hoje árvore morta). Um busto de Garibaldi inaugurado nas imediações a observa.

Cartão de visitas
Uma praça, um jardim, é como a sala de nossa casa. O primeiro lugar em que recebemos quem nos visita. É o coração da cidade, e por isso chamado acertadamente de cartão de visitas.
E o nosso Jardim era lindo, admirado e elogiado por todos.
Depois, bem depois, com os desfiles de blocos e escolas de samba, além dos chamados carros de som e trios elétricos, ninguém respeitou mais nada, e o nosso Jardim começou a ser maltratado, pisoteado por milhares de foliões. Um verdadeiro crime ambiental e patrimonial.
Para evitar a quase destruição que repetia-se anualmente, o chamado carnaval eletrônico foi transferido para o Balneário Mar Grosso e o desfile de carnaval das Escolas de Samba, para a avenida Gustavo Richard.
Era a salvação para o nosso cartão-postal, pensamos todos nós. Grande engano.

Eterno esquecido
Administrações sucessivas esqueceram-se da nossa principal praça. Jardineiros foram demitidos. Hoje uma senhora (dª Guiomar) já entrada nos anos, se desdobra solitária nos serviços. E faz muito.

Nos canteiros sem grama, nem uma flor. Bancos e calçadas quebradas, chafariz sem funcionar. 

Calheiros da Graça: hoje um Jardim sem flores
As palmeiras imperiais do Jardim Calheiros da Graça precisam de maior atenção por parte das autoridades, a exemplo da chamada Árvore de Anita e de outras árvores do local. Isso urgentemente.
As oito palmeiras imperiais estão lotadas de parasitas que precisam ser removidas e com enormes buracos em seus troncos, parecendo conter alguma praga.

Nosso Jardim também parece ser o único da face da terra que se tornou sem flores. Muitos canteiros sem grama, lâmpadas queimadas e chafariz sem funcionamento. Duas árvores, uma ao Norte e outra ao Sul, precisam de escoras. 

Pequenas placas (tabuletas) com os nomes científicos das árvores e como são conhecidas popularmente, também seriam de grande valia, principalmente aos escolares, a exemplo do que é feito no Jardim Oliveira Belo, na Praça XV de Novembro, em Florianópolis.

Quem será o administrador público que irá recuperar a área? Quem será o atuante político que fará retornar a beleza do nosso Jardim, transformando-o novamente em um local agradável e aprazível, onde crianças possam voltar a brincar e onde seus pais possam sentar-se para um rápido descanso, apreciando a paisagem e ouvindo os cantos dos pássaros?
Quem será o responsável pelos urgentes e necessários melhoramentos do Jardim e que assim o fazendo terá seu nome registrado à posteridade?

***
Quem foi Francisco Calheiros da Graça


O Capitão-Tenente Francisco Calheiros da Graça, secretário da Repartição Hidrográfica no Rio de Janeiro, foi um dos primeiros técnicos do nosso Porto.
No recuado ano de 1886 elaborou diversos estudos e plantas classificando a situação da barra da Laguna como privilegiada, realçando como a natureza foi pródiga para com a Laguna, dando dois morros como barreira natural e o paredão de pedras ao sul. Com relação a este afirmou: “Tudo deve ser feito para evitar que se afaste o canal do paredão de pedras”.

Em seus estudos, por exemplo, consta que o molhe norte deveria ser construído praticamente em direção à Ilha dos Lobos. Já quanto ao molhe sul este nem precisaria existir.
Foi contrariado em seus projetos e pareceres. E depois de anos, outros engenheiros assassinaram o nosso porto, construindo erroneamente os molhes em forma de tenaz.
O lagunense deu o nome de Calheiros da Graça ao seu principal jardim, e também a uma rua situada ali na Paixão, com o tempo provando que ele estava correto em seus estudos. Outros engenheiros que por aqui passaram sumiram na urina da história.
Serviu durante três anos na Guerra do Paraguai. Chegou a contra-almirante, cumprindo quase sempre missões científicas.

Foi um dos principais responsáveis pelo mapeamento do litoral do Brasil, por meio da determinação das posições geográficas exatas dos seus principais acidentes.
Como Primeiro-Tenente, acompanhou, na Corveta Vital de Oliveira, em 1873, as primeiras sondagens feitas para imersão do cabo submarino inglês, que ligaria nossas costas à Europa.
Orientou o levantamento e a elaboração de inúmeras cartas marítimas e plantas hidrográficas, e inventou um aparelho, o transferidor de sondas.
Nasceu em Maceió-AL, em 3 de julho de 1849 e faleceu na Baía de Jacuecanga-RJ, em 21 de janeiro de 1906, quando do desastre do Encouraçado Aquidabã.


Já quanto à Praça, recebeu a homenagem Vidal Ramos, governador de Santa Catarina de 1910 a 1914 e ainda hoje lembrado pela reorganização de ensino que promoveu em seu governo.



Quem foi Vidal José de Oliveira Ramos Júnior

Vidal José de Oliveira Ramos Júnior (Lages, 24 de outubro de 1866 — Rio de Janeiro, 2 de janeiro de 1954) foi um político brasileiro.
Nasceu em Lages. Filho de Vidal José de Oliveira Ramos e Júlia Ribeiro de Sousa Ramos, casado com Teresa Fiuza Ramos, de cuja união nasceram 14 filhos.
Dos filhos de seu matrimônio com D. Tereza, dois foram Governadores do Estado de Santa Catarina: Nereu de Oliveira Ramos e Celso Ramos.

Foi Intendente, Superintendente, Deputado e Senador da República, mas na política catarinense também foi Governador do Estado, uma vez no período de novembro de 1902 a 30 de outubro de 1905; e outra no período de 28 de setembro de 1910 a 28 de setembro de 1914, sucedendo Lauro Müller.

Vidal Ramos, por sua vez, não demoraria à frente do cargo, eleito, foi para Câmara Federal. Foi, então, Senador pelo mesmo Estado, de 1915 a 1929, na vaga de Felipe Schmidt, que se elegeu Governador.
Foi deputado à Assembleia Legislativa Provincial na 26ª legislatura, de 1886 a 1887, deputado estadual na 1ª legislatura, de 1894 a 1895, na 2ª legislatura, de 1896 a 1897, na 4ª legislatura, de 1901 a 1903. Foi deputado federal na 6ª legislatura, de 1906 a 1908, na 7ª legislatura, de 1909 a 1911, renunciando em 1910, na 13ª legislatura, de 1927 a 1929.



Em 1910, Vidal Ramos empreendeu não a reorganização da instrução pública do Estado, mas a sua verdadeira organização, em moldes científicos e atuantes. Para isto contratou uma comissão de professores paulistas que implantou um novo sistema que permitiu o posterior desenvolvimento da instrução pública. 
Foram criados, então os primeiros grupos escolares nas principais cidades do Estado, entre eles o nosso Grupo Escolar Jerônimo Coelho, enquanto a Escola Normal passava a formar professores que seriam disseminados por todo o território catarinense. Este é considerado o marco inicial de todo o progresso do setor educacional de Santa Catarina.

***

Até hoje não consigo entender a não instalação naquela área, por parte de administradores que se sucederam na Laguna, de placas/bustos com uma pequena biografia de cada um dos organizadores e construtores do local, assim como dos vultos homenageados, Calheiros da Graça e Vidal Ramos.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Nota de falecimento+

Sepultado hoje em nossa cidade, Sérgio Pinho Mattar, aos 65 anos, filho de Vera Pinho Mattar e Tuffi Mattar.

Ausente da internet e da cidade, só soube agora à noite de seu falecimento. 
Sérginho foi encontrado por familiares em sua casa, na rua Voluntário Carpes, pela manhã, já sem vida.
Membro do PMDB lagunense, foi candidato a vereador nas eleições de 2004 (289 votos) e 2008 (122 votos). 
Em 2004 ficou na segunda suplência do PMDB, tendo assumido em 17/07/2007 até 11/09/2007, a vaga do então vereador titular (e naquele período licenciado), Everaldo dos Santos, hoje prefeito.
Serginho era funcionário aposentado da Polícia Civil de SC.

Serginho foi um dos maiores batalhadores pela instalação da Farmácia Popular em nossa cidade, o que se concretizou. Muito lutou também, como tantos em todas as épocas, pelo famigerado porto lagunense.
Foi autor, em seu curto tempo como vereador titular, do projeto de lei que declarou de Utilidade Pública a Associação de Artesãs "Artes do Mar"; e do projeto de lei reconhecendo de Utilidade Pública a Associação de Moradores da Figueira. É também de sua autoria, o projeto propondo o nome de Heriberto Barzan a rodovia SC-100, na chamada região da Ilha, que liga a balsa (Passagem da Barra) ao Farol de Santa Marta.

Ainda quando das manifestações populares de 15 de março último, em nossa cidade, Serginho lá estava na Praça Dr. Paulo Carneiro, de camisa amarela, observando e também protestando com sua presença contra a corrupção e por um Brasil melhor.
O fotografei (foto acima) e penso que deva ser seu último registro em vida.
Gostava muito de conversar com Serginho e sempre que o encontrava pelas calçadas da Raulino Horn ou na mercearia/verdureira do Lelé, no Largo do Rosário, trocávamos algumas palavras sobre política.

Sentimentos aos familiares e amigos, em especial a irmã Nádia.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

SESC divulga programação para abril no Cine Teatro Mussi

A unidade do Sesc da Laguna divulgou nesta semana a programação de filmes que serão exibidos no mês de abril e ainda duas peças de teatros apresentadas no Cine Teatro Mussi.
O projeto Cine Sesc e Cine Clube traz para esse mês seis filmes, todos nacionais.
As apresentações teatrais do Circuito Palco Giratório apresentam nos dias 08 e 14 as peças "Antes da Chuva", com o Grupo Cia do Cortejo do Rio de Janeiro e "Dona Bilica, Naquele Tempo", do Grupo Pé de Vento de Florianópolis.

Confira a programação:

Cine Sesc e Cine Clube / Cinema Brasileiro:

07/04 (terça-feira): Cafundó (2013) - 14 anos
12/04 (domingo): Castelo Rá Tim Bum (1999) - Livre
15/04 (quarta-feira): Cazuza (2004) - 16 anos
19/04 (domingo): Chega de Saudade (2008) - 14 anos
22/04 (quarta-feira): Ensaio Sobre a Cegueira (2008) - 12 anos.
29/04 (quarta-feira): Jogo Subterrâneo (2005) - 10 anos.

Horários: Domingo: 20h
Dias de semana: 19h30.

Sessões gratuitas. Ingressos disponíveis uma hora antes do espetáculo no Cine Mussi.
É necessário apresentar o documento de identidade para filmes com faixa etária indicativa.

***

Circuito de Teatro Palco Giratório.

Peça: Antes da Chuva
Grupo Cia do Cortejo - Rio de Janeiro, RJ
Local: Cine Teatro Mussi
Data: 08/04 - quarta-feira
Hora: Sessão única - 20h.
Classificação: 14 anos
"Antes da Chuva!", do Grupo Cia do Cortejo.

Sinopse: Aramís encontra Ana numa casa abandonada, onde ela mora com a avó. O menino, na ocasião com onze anos, é chantageado pela moça para que deixe que ela o veja nu e depois leia pra ela em voz alta. Inspirada pelas histórias de espionagem lidas pelo garoto, Ana planeja uma fuga no navio do Papa que passará em breve pelo povoado.

Peça: Dona Bilica, Naquele Tempo
Grupo Pé de Vento de Teatro - Florianópolis, SC
Data: 14/04 - terça-feira
Hora: Sessão única - 20h.
Classificação: Livre
Dona Bilica, resgata a tradição açoriana da Ilha.
Foto Renato Turnes
Sinopse: Dona Bilica, lavadeira, rendeira e benzedeira é a hilariante personagem interpretada pela atriz Vanderléia Will. A personagem existe desde 1991 e de forma bem humorada faz uma homenagem aos típicos moradores de Florianópolis. Dona Bilica com sua descendência açoriana, representa um modo de viver, de falar, de se vestir, uma cultura preciosa, peculiar e praticamente em extinção no litoral catarinense.

Sessões gratuitas. Ingressos disponíveis uma hora antes do espetáculo no Cine Teatro Mussi.
É necessário apresentar o documento de identidade.

Informações na Casa de Cultura do Sesc, no Teatro ou pela central de atendimento: (48) 3644-0152.

sábado, 4 de abril de 2015

A malhação de Judas

Sábado de Aleluia. Contam os relatos bíblicos, como todos sabemos, que Judas Iscariotes, um dos apóstolos de Jesus, foi o responsável por entregar Cristo aos soldados romanos que o levaram para ser crucificado.
Um beijo no rosto foi a maneira que Judas indicou conhecer Jesus.
Recebeu 30 moedas pelo dedo-durismo, no que ficou representando um dos maiores casos de traição da história da humanidade.
Os fiéis católicos celebram o sábado como de Aleluia, marcando a morte de Cristo. No domingo, Páscoa, o clima já é de festividade, anunciando a ressurreição de Jesus.

Penso que não exista mais a malhação ao Judas, a não ser, quem sabe, nas comunidades do interior. Uma velha tradição trazida à América Latina por espanhóis e portugueses.
Aqui pelo Centro e bairros da Laguna não lembro de nos últimos anos ter presenciado a brincadeira.
Saul Ulysséa em seu livro "Laguna de 1880", diz, à página 99:

“No sábado de aleluia, ao amanhecer, inúmeras pessoas percorriam as ruas, para verem os judas. Era rara a que não os tinha. Feitos com certo cuidado e arte, tendo muitos deles um cartaz sobre o peito, com dizeres alusivos a alguma pessoa ou algum fato.
Ao romper a Aleluia, a garotada malhava e despedaçava os Judas sob infernal gritaria, terminando por despedaça-los ou incendiá-los. Viam-se por vezes, Judas dependurados nas vergas ou no beque dos navios. Estes cruzavam as vergas, endireitando-as ao romper a Aleluia, tangendo então os sinos dos navios”.

Isso foi há muito tempo, no século XIX.
Mas ainda em minha infância, década de 60 e 70, do século passado (ui!) anualmente no sábado de Aleluia, na rua Voluntário Benevides, eram dependurados nos postes dois ou três Judas.

Havia organizadores para a tarefa que, ao longo da semana, recolhiam da vizinhança os apetrechos para montar o boneco.
No morro, seu Plínio (Lordo) Souza, com seu irmão Nelson e anos depois, a filha Edna. Fundadores e componentes da Escola de Samba Infantil Amigos da Onça.
Mas muita gente moradora na rua, colaborava.
Um doava surrado terno; outro entrava com velhos sapatos ou uma camisa social puída. O boneco ia sendo montado e costurado no estilo Frankenstein, por partes, sem seguir qualquer estilo ou modismo.
Por todo o bairro Magalhães também era assim, com destaque para o Judas da Pracinha Souza França.
No bairro Campo de Fora, perto do Clube Anita Garibaldi, lembro-me de também ter presenciado a malhação de Judas.

Vez ou outra alguém, de partido adversário, obviamente, colava uma foto de um político da situação e em evidência, na cara do boneco, o que criava desavenças e muitas vezes o pau fechava mesmo; ou então afixava ao peito uma tabuleta com o nome do dito político ou de alguém ranzinza do bairro, furador de bolas de futebol da gurizada ou um conhecido fofoqueiro.

Enfim, lá pelas 10 da manhã, meio-dia ou às 5 da tarde – o horário variava - a um sinal, crianças, arrancávamos, destrinchávamos, pernas e braços do boneco, numa algazarra ou "gritaria infernal", como nos conta Ulysséa. O pessoal adulto acompanhando, fiscalizando - para não haver furto do boneco inteiro por parte de alguém - às gargalhadas e avisando, provocativo, que o dinheiro – moedas e notas em papel no então cruzeiro - estavam na cabeça do bicho, sendo o prêmio melhor a ser alcançado.
Algumas crianças com mais idade, traziam varas para logo atingir o boneco, já que sempre dependurado bem no alto dos postes de difícil alcance para nós.
O resto era palha, amendoim, balas e pirulitos disputados avidamente pela gurizada.
Não vi, mas contam que certa vez, no Magalhães, uns sacanas rechearam um Judas com dezenas de sapos recolhidos na noite anterior, na várzea onde hoje é o Alagamar (Vila Vitória), ou na rua João Henrique (rua do Valo), não sei bem.
Imaginem a surpresa, alvoroço e decepção das crianças no dia seguinte...

Este Judas aí da foto, é de 1997, e penso que dos últimos malhados no poste da Rua Voluntário Benevides, perto da casa de meus pais, e que registrei para posteridade.

Fico pensando: Hoje, quem seriam os Judas em nossas vidas? Quem seriam os Judas de nosso país, de nosso estado, de nossa cidade?
Os traidores que prometeram em todas as épocas muito trabalho, suor pelo povo, ética, combate à corrupção e que tão logo instalados no poder esqueceram rapidinho de suas promessas? Que mergulharam de cabeça naquilo que um dia juraram combater. Que multiplicaram seus patrimônios, incluindo caríssimos imóveis e luxuosos automóveis.

Quantos neste Brasil varonil, nos bastidores de gabinetes, em encontros suspeitos por aí, em hotéis, motéis e no interior de veículos, estarão recebendo as trinta moedas de prata? A beijar as faces de familiares, amigos, traindo-os e entregando-os aos verdugos? A receber o dinheiro de negociatas, de comissões por obras superfaturadas? Montando caixas 2 para futuras campanhas? Enriquecendo-se ilicitamente? Mensalinhos e mensalões, lava-jatos e zelotes, em todas as esferas.
Milhões, bilhões depositados em suas contas ou em nomes de laranjas e até no exterior. Contratos de gaveta, dinheiro desviado à saúde, educação, segurança. 

São lembranças, indagações e reflexões que faço neste sábado de Aleluia.