terça-feira, 30 de junho de 2015

Está difícil

Imagem de Nª Senhora da Glória completamente às escuras há quase um mês;
Semáforos quebrados e sem funcionar;
Iluminação ao longo do cais apagada;
Monumentos históricos abandonados, sem manutenção;
Câmeras de segurança em sua quase totalidade, sem funcionar;
Praia poluída;
Sem carnaval das Escolas de Samba;
Sem Tomadas ou Repúblicas;
Sem Semana Cultural.

Está difícil a coisa.
E ainda querem cobrar taxas de turistas a partir do próximo verão.

Subiu a pressão, vereador?

Vereador Zezinho Siqueira (PT), solicitou licença sem vencimentos de seu cargo de motorista da prefeitura da Laguna.
Portaria já foi publicada no Diário Oficial da última sexta-feira, 26.

Muita pressão, vereador?

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Troca-troca na Câmara. Felipe no lugar do Orlando?

O papo que rola nos bastidores políticos da Laguna é que Luiz Felipe Remor, após a saída da secretaria de Saúde, assumiria seu posto na Câmara.
No lugar do vereador Renato (PMDB)?
Nada disso. Assumiria no lugar do vereador Orlando Rodrigues (PSD).
Como assim? Elementar meu caro Watson. Com essa mexida no tabuleiro o prefeito passaria a contar com mais um voto garantido.
Mas aí podemos perguntar: e o Orlando vai pra onde? Sai de foco?
Vai pra casa descansar?

PS: atualizando em 30/06/2015: Também nos bastidores políticos comenta-se que o vereador Orlando já teria voltado a apoiar politicamente o prefeito. Para comprovar tal fato basta acompanhar seus votos e discursos daqui pra frente e chegar-se-á a conclusão. 
Até aqui o discurso do vereador Orlando, principalmente depois que deixou a titularidade da secretaria de obras, era bastante crítico em relação ao chefe do Executivo, inclusive nas votações de projetos e pedidos de CPI's.

Em sendo assim não precisaria a troca. 


Trabalhão burocrático

Imagino o trabalhão que está tendo o departamento de Recursos Humanos da prefeitura da Laguna, com as centenas de exonerações e (re) nomeações acontecidas nos últimos meses, além de cálculos de indenizações, etc.
É um tal de tira daqui, bota ali, transfere para lá, indeniza este, retorna aquele.
Teve gente nomeada um dia e exonerada no dia seguinte, por exemplo.
Há quem já tenha rodado por algumas secretarias, uma espécie de pivô.
Você vai procurar o sujeito na prefeitura e somente o encontra mediante consulta ao sistema para saber sua lotação atual.
É de cantar a velha cantiga de roda:

“Escravos de jó
Jogavam caxangá
Tira, bota,
Deixa o Zé Pereira ficar
Guerreiros com guerreiros
Fazem zig-zig-zá”.

Comissão de vereadores visita Saúde

A Comissão (no lugar da CPI) formada por vereadores com vistas a um levantamento da real situação na secretaria de Saúde, já foi vista trabalhando na última sexta-feira.
Visitou as dependências da pasta, inclusive seu almoxarifado. Tem trinta dias para completar os trabalhos.
Comissão não estava completa, com os seis vereadores designados, mas anotações foram e estão sendo feitas e documentos solicitados.
População vai aguardar os resultados obtidos.
Mas posso perguntar: aguardamos os resultados em pé ou sentados?
O tempo dirá.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Sônia Zanini pode assumir Secretaria de Saúde

Informação que recebi neste fim de tarde, dá conta que Sônia Zanini foi convidada e teria aceitado assumir o cargo de Secretária de Saúde do Município, no lugar de Luiz Felipe Remor.

Mudanças na prefeitura. Ou rolam cabeças?

Pois é. Cidade acordou com a notícia de que Luiz Felipe Remor não era mais o secretário de Saúde. Ato do Chefe do Executivo, publicado hoje no Diário Oficial, já fez cessar a Portaria que o designou para o cargo.
Deve assumir sua cadeira na Câmara de vereadores.

A chefe de gabinete do prefeito, Maria Inês Uliano também deixou o cargo e assume a presidência da Fundação Irmã Vera.

Sem dúvida, nas duas situações, prevaleceram as pressões de alguns vereadores que há tempos vinham pedindo mudanças e as cabeças de ambos.
Mas caem pra cima, como se vê.

Prefeitura da Laguna quer tomar empréstimos de quase R$ 17 milhões

Outro assunto que tomou conta do plenário, suscitando amplos debates acalorados entre os edis, foram duas solicitações do Executivo, visando aprovação dos vereadores para a prefeitura da Laguna contrair dois empréstimos.

O Executivo lagunense quer tomar um empréstimo ao Badesc no valor de R$ 5 milhões para pavimentação da estrada do Ribeirão a Madre; e outro empréstimo ao Bndes no valor de R$ 11,9 milhões, este último tendo como justificativa a informatização da prefeitura, o conhecido georeferenciamento.

São quase R$ 17 milhões no total. É muito dinheiro, convenhamos, que terá que ser quitado com arrecadações.
Mas que arrecadações? Nesse momento de crise em que vive o país? Em que o próprio Executivo lagunense suspendeu pagamentos a fornecedores e novas contratações por 4 meses? Que cargos estão sendo extintos e exonerações sendo feitas (apesar de dezenas já terem retornado ou nem terem saído)? Que não há dinheiro para quase nada? Que aluguéis de imóveis estão atrasados?

O pedido para empréstimo de R$ 5 milhões ao Badesc já foi aprovado em primeira votação semana passada. Com votos contrários dos vereadores Andrey Pestana de Farias (PSD), Zezinho Siqueira (PT) e Eduardo Nacif Carneiro (PP).

Quanto à solicitação de empréstimo junto ao Bndes no valor de R$ 11,9 milhões, há vereadores que questionam o alto valor solicitado.
Na sessão da quarta-feira última, vereador Irã Floriano Ramos (PMDB) pediu vistas. Deve ir em primeira votação semana que vem.

Será aprovada?

“CPI dos Postos de Saúde” virou comissão

A “CPI dos Postos de Saúde”, proposta pelo vereador Zezinho Siqueira (PT) não foi votada na quarta-feira.
Havia grande pressão do público nas galerias no início da sessão, mas com a demora (levou mais de 5 horas), pessoal se desmobilizou e isso certamente mudou a disposição de alguns vereadores em votar sim a CPI.
Vereador Andrey Pestana de Farias (PSD) fez um discurso indignado, em tom elevado, até porque houve vereadores que em seus discursos, nos primeiros momentos, pareciam apoiar a criação da CPI, mas que, com o plenário vazio, voltaram atrás em seus pensamentos.

Em vez da CPI, criou-se uma comissão composta por seis vereadores para investigar a situação dos postos de saúde.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Quarta-feira agitada na Câmara de vereadores

Agitada porque primeiramente dezenas de moradores do bairro Progresso foram protestar pela situação em que se encontra o posto de saúde (Unidade Básica) do bairro, há um ano sem conclusão.
A edificação foi depredada, janelas quebradas, instalações elétricas furtadas. Muita sujeira por invasão de andarilhos e usuários de drogas. Em suma, dinheiro jogado fora.

O atendimento está sendo feito precariamente numa casa alugada.
O secretário de Saúde da Laguna, conforme reportagem exibida pela RBS, disse que “não imaginou que o local seria invadido durante a espera de contratação de profissionais”.
Faça-me o favor, Felipe Remor, que desculpa mais esfarrapada. Como assim, "não imaginava"? 
A situação de abandono do prédio do Posto de Saúde do bairro Progresso há tempos está sendo denunciada nas redes sociais, inclusive com fotos feitas por Elvis Palma.

Agora a secretaria de Saúde espera recursos para terminar o posto e recuperar a academia, situada ao lado. Recursos que passariam de R$ 300 mil.
Quer dizer, nem foi entregue e o prédio já precisa de mais dinheiro para terminá-lo.

Absurdo. O povo realmente tem que se unir e gritar bem alto, protestar e reivindicar pelos seus direitos para dar um fim a esse descalabro. É a saúde da população que está em jogo.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Morte de padre adiou festejos de Santo Antônio dos Anjos em 1984

Sexta-feira, 1º de junho de 1984. O dia amanhece cinzento e frio na Laguna, a despeito do sol que teimava em brilhar.
Na noite anterior a cidade foi dormir mais tarde devido à carreata (então chamada de serenata) realizada a partir da meia-noite de quinta-feira pelas ruas e avenidas, percorrendo o centro e bairros.
São dezenas de automóveis circulando, com festeiros e demais fiéis promovendo a abertura de mais uma Festa em honra ao padroeiro da cidade, a ser realizada de 1º a 17 daquele ano. Buzinas e foguetório marcam todo o trajeto.

Trágico acidente
Após as 10 horas da manhã daquela sexta-feira uma triste notícia, como um rastilho de pólvora, também vai percorrer a Laguna.
Um acidente automobilístico acontecido na BR-101 havia ceifado a vida do padre Luiz Agostinho Zocche Saccon, pároco auxiliar, ou vigário cooperador, como era então chamado, da Matriz Santo Antônio dos Anjos.
Incredulidade e tristeza geral no mundo religioso.
Logo chegou a confirmação. Sim, de fato, logo pela manhã, na BR-101, imediações de Imbituba e vindo de Florianópolis, padre Agostinho havia se acidentado com seu automóvel Voyage e uma carreta e, infelizmente, estava morto.

Padre Agostinho
Padre Agostinho. 
Foto: acervo de Victória Saccon Tramontin
Padre Agostinho, 30 anos, nascido em 24/12/1955, no hospital São Sebastião, em Turvo.
Foi batizado em 3 de janeiro de 1955 na paróquia de Turvo, pelo Frei Gregório Dalmont. Foram padrinhos Joaquim Lourenço (Victoria Saccon) Tramontin.
Era bastante conhecido no mundo católico da região sul e fazia um ótimo e elogiado trabalho, principalmente entre os jovens, faixa etária onde era muito querido. 
Havia sido ordenado padre em 20 de dezembro de 1982. Filho de Francisca Zocche Saccon e Domingos Valentin Fachin Saccon, moradores de Meleiro - SC, descendentes dos primeiros italianos que colonizaram a localidade.


Extremamente amigo e conselheiro, sempre estava postos a ajudar, estendendo a mão amiga em Cristo para retirar do mundo das drogas os que caíram no vício pernicioso e destruidor. Comandava a Pastoral da Juventude. E tinha apoio de Grupos de Jovens como a JUM - Juventude Unida do Magalhães e JUC - Juventude Unida Católica. Entre seus grandes amigos destacavam-se José Nazareno Duarte (Pisca) e José Alves Fernandes (Mala) e Viviane Crippa.

Nosso amigo Mala relembra aqueles dias e de uma frase que lhe marcou. Quando batia o desânimo nos trabalhos em prol do próximo, principalmente pelo retorno de alguns jovens ao vício, padre Agostinho costumava aconselhar: "
- Não desanima, fé em Deus porque tudo tem conserto".

Sempre promovia os chamados “Retiros”, reunindo jovens da comunidade.
Padre Agostinho, com a família, quando de sua ordenação em 1982.
Foto: acervo de Victória Saccon Tramontin
No dia seguinte a sua morte, 2 de junho, sábado, iria promover no Clube Blondin, às 20 horas, o “Primeiro Encontro da Perseverança”, no intuito da descoberta do jovem a si mesmo, a Cristo e aos que lhe são caros.

Ainda em 11 de maio, padre Agostinho reuniu vários amigos em sua residência. Animando o encontro, o seresteiro Manoel Silva com seu violão. Muitas pessoas de sua relação compareceram. Prefeito Mário José Remor, Oscar Pinho, Olga Cabral, Padre Marcos Herdt, Fernando Guedes, Licélio Freitas e Edgar Pereira, entre outros.

Velório foi realizado durante todo o dia na Matriz de nossa cidade com centenas de pessoas se despedindo, principalmente jovens. 
No fim de tarde, começo de noite, os lagunenses, a pé, de ônibus e carro, foram até o trevo de nossa cidade, cantando, rezando e balançando lenços brancos no último adeus. Seu corpo foi sepultado em Meleiro-SC.

Sábias palavras e conselhos
Alguns dias antes, Padre Agostinho disse a um grupo de adolescentes: “O jovem deve procurar em Santo Antônio um exemplo de união”, e “casado é quem bem vive”. Disse também que “Antes de querermos ter devemos ser”.

A última carta
Naquela tarde de quinta-feira, padre Agostinho entregou na redação do Jornal O Renovador uma matéria (carta) para ser publicada. Com o jornal praticamente fechado, o escrito somente foi estampado na semana seguinte a sua morte.
Eis, na íntegra:

Retiro Descoberta
“Aconteceu neste último fim de semana (quinta a domingo à noite), encerrando com a Santa Missa em São Ludgero, um Retiro entre 33 jovens de nossa comunidade.
Retiro Descoberta , de fato promoveu a descoberta do Jovem a si mesmo, a Cristo e aos seus que lhe são caros.
Entre eles haviam drogados, marginalizados com os quais iremos continuar a reuni-los e fazermos a perseverança da Descoberta do Cristo a Deixa da droga.
Primeiro Encontro de Perseverança será no próximo sábado, dia 2 de junho, às 20 horas, no Clube Blondin. Todos eles estão com muito amor no coração, amor a si, a todos os seus e a todos. Querem de fato viver essa Descoberta. Vamos ajudá-los.
Vai ser feito também um trabalho de crescimento, de ajuda, de aceitação com os pais e familiares desses jovens que tanto necessitam de ajuda.
Com muito amor no coração, agradecemos a todas as pessoas que nos ajudaram a realizar esse Retiro Descoberta. Eles se descobriram e também descobriram a Cristo. Vamos ajudá-los a viver esta descoberta e a Cristo em seus corações e em suas vidas. Contamos com todos vocês. Se o seu filho não é drogado, maior motivo para ajudar os que são.
Ajudando os outros, você estará ajudando um irmão seu que sofre e que Cristo sofre nele.
Nós contamos com ajuda de todos. Muito obrigado, com muito amor”.
Padre Agostinho


Premonição?
No dia anterior a sua morte, emocionou com suas palavras as pessoas do bairro Roseta (hoje Progresso) que compareceram ao velório de dª Doraci Tomázia (Dedinho) de Souza, uma das fundadoras da igreja Nossa Senhora Auxiliadora.
Na encomenda do corpo deixou muita gente impressionada ao ouvi-lo dizer:
“Aos parentes e amigos os meus pêsames sinceros. A Doraci Tomázia, parabéns que vai ao encontro de nosso Pai. Hoje, é a Doraci, amanhã poderá ser um de nós”.

Festejos adiados
Anúncio da Festa já com a data de sua realização alterada. Jornal O Renovador de 8 de junho de 1984.
Por causa de seu falecimento, a Festa em honra ao padroeiro daquele ano foi adiada, só iniciando na sexta-feira seguinte, 8, após a realização da missa de sétimo dia. Padre Agostinho estava escalado para ser o orador da primeira trezena.
Hoje é nome de Creche no bairro Progresso, na Laguna, e rua em Meleiro - SC.

Foram festeiros daquele ano:

Cláudio Dias de Castro Ramos, Adelaide Pinho Moreira, Celso Schambeck, Maria Salete Folchini Barreiros, Maurício de Paula Carneiro, Adamândia Andreadis, Geraldo Izidoro Barreto, Beatriz da Silva Bem, Carlos Gonçalves Netto, Maria Salete Bez Birollo Teixeira, Antônio Maiatte, Olímpia Algarves, Mário Luiz Spillere da Silva (Bau) (não aceitou o convite e não era usual substituição de festeiro) e Adriana Nacif Carneiro.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

“Até Santo Antônio não foi poupado!”

Esta foi a manchete de capa do jornal Semanário de Notícias nº 126, de 13 de agosto de 1977, noticiando o furto do crucifixo da venerável imagem do padroeiro da Laguna.

E continuava o jornal:

“Verdadeiro vandalismo, sem precedentes na história da velha Laguna, foi registrado na madrugada de onze do corrente, qual seja a profanação da Igreja Matriz da Laguna, arrancando do pescoço da venerável imagem de Santo Antônio dos Anjos o crucifixo que ostentava.
Não sabemos, ou melhor, não encontramos no vocabulário da nossa língua como qualificar tão repelente procedimento. Só mesmo um tarado ou irreligioso, indivíduos sem fé poderiam ser capazes dessa façanha. Que o culpado, se descoberto, seja declarado indigno de continuar habitando a hospitaleira terra lagunense, mandando-o para bem longe!”.

A saudosa Nail Ulysséa, no capítulo “Três séculos na Matriz”, publicado na edição comemorativa do Tricentenário de nossa cidade, publicado um ano antes, em 1976, assim descreveu a peça, o crucifixo:

“Das imagens existentes no templo, chama logo a atenção do visitante, a majestosa imagem de Santo Antônio. Emoldurada pelo altar-mor, em tamanho maior que o natural, foi esculpida na Bahia, no século XVIII, em madeira de Laguna, remetida para este fim.
Imagem isenta de misticismo, de olhar alegre e lábios em sorriso, traz na mão direita uma grande cruz de prata e na mão esquerda um Menino Jesus, meio e formoso, de pé sobre as Escrituras. É coroado de um rico resplendor de prata cinzelada, cravejado de topázios. Pendente do peito, por uma fita de veludo vermelho, um habito da Ordem de Cristo, cravejado de pedras semipreciosas, brancas e vermelhas”.
(...)


O colunista do jornal, Munir Soares, na semana seguinte ao furto, em seu  conhecido estilo, escrevia:

Responso.
É uma oração muita usada para “achados e perdidos”. Sem dúvida nenhuma, um dos responsos mais usados em nossa comunidade, é o responso de Santo Antônio, capaz de achar até um candidato a deputado, em Laguna, capaz de unir as forças locais. Pois bem, a fita de Santo Antônio com o crucifixo, foram roubados e até agora continuam desaparecidos. Terça-feira é dia da devoção do santo. Não seria uma oportunidade de se rezar um responso coletivo?”.

***

Eis uma foto, de um cartão-postal, lembrança da festividade, de 1967, ampliada, da peça furtada:

No ano seguinte, o crucifixo foi substituído pelo atual, com alterações da fita durante os anos seguintes.

O autor do furto teria sido um colecionador de obras sacras? Um antiquário? Um ladrão a mando de alguém interessado somente no valor monetário das pedras semipreciosas?
Infelizmente até hoje o gatuno não foi descoberto, como desejou o indignado editor do jornal. E os responsos, as rezas e promessas foram muitas, como pediu Munir Soares.

E a peça, de valor artístico, histórico e material incalculável, nunca mais foi encontrada, entrando, ela também, para o rol dos mistérios da Laguna.

PS: Pode ser a luz, a foto, o ângulo, mas vocês não acham que há diferença no semblante de Santo Antônio dos Anjos, entre 1967 e 2015? 

Duas notícias que abalaram o mundo religioso da Laguna

Antes que termine este junho, mês dedicado ao nosso padroeiro, não posso deixar de trazer aqui duas matérias.
Uma delas sobre um furto a uma das peças da imagem de Santo Antônio dos Anjos.
Outro fato acontecido também abalou profundamente a população lagunense, festeiros e o mundo religioso da cidade.

Mas, calma, os dois fatos ocorreram há alguns anos, mas certamente desconhecidos em seus pormenores por muitos da atual geração.

Aguardem.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

A noite em que Santo Antônio dos Anjos foi ali e já voltou

O 13 de junho de 2015 vai ficar registrado na história religiosa da Laguna. Um sábado com intervalos regulares de chuva. Hora fracos, hora com mais intensidade.
Este ano, conforme a programação, a Transladação do padroeiro da Laguna sairia da igreja Nossa Senhora Auxiliadora, no bairro Progresso, a nossa antiga Roseta. Desde cedo moradores, principalmente na rua Almirante Lamego, enfeitavam a frente de suas casas com balões, faixas, tapetes, numa multicolorida homenagem à passagem de Santo Antônio dos Anjos da Laguna.

Fim de tarde, centenas de fiéis lotavam a igreja Auxiliadora, enquanto o padre Lenoir rezava a missa. No lado de fora, a cada minuto chegava mais gente de todos os bairros, inclusive de outros municípios, com capas de chuva, sombrinhas e guarda-chuvas. Casais, crianças e idosos.
17 horas, 17h e 30m e nada da Imagem aparecer. Foi quando chegou o aviso, vindo da Matriz, de que não haveria a tradicional Transladação devido à chuva, que não era tão forte assim, diga-se de passagem.

Incredulidade geral dos fiéis. Decisão de não sair teria sido tomada por membros da diretoria da Irmandade e também do padre, que é a última voz a decidir. Registre-se que houve discordância quanto à decisão.
- Santo Antônio aguarda o ano inteiro para sair, alegava, acertadamente, um irmão da Irmandade. 
Ar de desânimo e decepção nos festeiros, afinal trabalharam durante um ano, inúmeras reuniões, para justamente ver coroada de êxito a grande noite.
Com a notícia, na última hora centenas de pessoas se deslocaram à pé e às pressas do bairro Progresso ao centro da cidade. Alguns ainda duvidando do que estava ocorrendo. Frustração geral.

E mais uma vez, de última hora, depois de algumas reclamações e pitis, decidiu-se que o Santo iria somente até a rótula da avenida Colombo Salles e retornaria à Matriz. E assim foi feito, seguido da queima de fogos. O Santo foi até ali e logo retornou. Sem banda e música.

Na procissão de domingo outra indecisão. Também chovia, chuva fraca, garoa com intervalos. Se seguissem o mesmo critério da noite anterior também não haveria a procissão, deduziram centenas de fiéis. E por isso mesmo muitos ficaram em suas casas. 

Deduziram errado, porque aconteceu a procissão, que devido às obras no centro histórico, da rua Voluntário Fermiano (do Fogo) o cortejo religioso tomou a Jacinto Tasso, Celso Ramos (defronte ao CEAL), vindo pela avenida Colombo Salles, Osvaldo Cabral, Osvaldo Aranha, Voluntário Carpes e Jerônimo Coelho. 

Fogos, promessas, orações e muita emoção, até porque a fé em Santo Antônio dos Anjos da Laguna está acima de tudo, de questiúnculas, egos, vaidades, pormenores, indecisões e decisões errôneas. 
Ele fica, nós passamos.
Mas que o público na procissão foi diminuto, lá isso foi.

***

Podem falar o que quiserem, e este Blog está sujeito à críticas, mas no tempo do padre Toninho (Antônio Gerônimo Herdt), o Santo ia pra rua de qualquer jeito e fazia todo o trajeto, com chuva, vento ou frio.
Não tinha esse lhem-lhem-lhem, esse vai-não-vai. O santo saia e pronto! Gostassem ou não gostassem alguns. E todo mundo gostava.

sábado, 13 de junho de 2015

Provérbio árabe

“Se o mal que te aflige tem remédio, por que te afliges?”

“Se o mal que te aflige não tem remédio, por que te afliges?”

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Mimo literário III

Essas duas últimas semanas, como vocês podem ver, foram fecundas em receber mimos literários. Que bom ter amigos e ser lembrado.

Pois o amigo Carlos Araújo Horn também me trouxe em mãos aqui em casa, outra raridade.
Trata-se do “Almanaque da Jovem Guarda”, uma publicação em edição especial da editora Caras, de 1996, em seis fascículos.
Os exemplares trazem a trajetória da Jovem Guarda, com depoimentos exclusivos com os grandes nomes do movimento, revelando o quanto o iê-iê-iê modificou suas vidas e transformou suas carreiras. (E será que não terá afetado nossas vidas de alguma maneira?).
É uma completa reportagem, com muitas fotos, sobre o mais importante movimento musical do país nos anos 60/70. A moda do período, as gírias mais faladas, as fofocas, os mexericos da Candinha...
Carlinhos conhece meu gosto musical e sabe que é um período que marcou época na vida de uma geração, inclusive a minha em início da juventude.

Grande abraço, amigo Carlinhos.

Mimo literário II

Amigo Renato Souza me trouxe em mãos, de sua recente viagem a Portugal, exemplar de “Lisboa em Pessoa”, de João Correia Filho. Trata-se de um Guia Turístico e Literário da Capital Portuguesa, ricamente ilustrado acompanhado de poemas de Fernando Pessoa, incluindo também trechos da obra de outros escritores portugueses, como José Saramago, Inês Pedrosa e Luiz de Camões. Sinceramente é mais que um guia, é um relato fascinante pela alma de Lisboa, que espero um dia conhecer.
- “Olhei para a publicação numa livraria do metrô e logo me lembrei de ti. É a tua cara, Valmir”, me disse o Renato, acertando em cheio em meu gosto literário.

Que posso fazer se não agradecer a esse mimo recebido. Brigadão Renato.

Mimo literário I

Recebo de dª Abgail Pereira Ramos (a dª Bega, viúva do saudoso  José Carlos Ramos, o Juka da livraria) dois raros exemplares de livros do escritor lagunense Zedar Perfeito da Silva.
A primeira obra, de 1952, “Nem tudo está perdido”; e a novela “Vida sem rumo”, de 1969.
Zedar, que morou em Florianópolis e Itajaí, foi membro da Academia São José de Letras, cadeira 39, além de jornalista e professor. É de sua autoria, entre outros, “Perfis de alguns catarinenses” e “O Vale de Itajaí”.

Agradeço a grata lembrança da dª Bega.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Quem foram os primeiros motoristas de automóveis na Laguna

Há algum tempo, pesquisando documentos no Arquivo Público (Casa Candemil) de nossa cidade, me deparei com um Livro de Registros da Prefeitura da Laguna. Na capa-dura na cor preta, os dizeres “Para Termos de Suficiência – Exame de Condutores da Laguna 1933”.

A publicação estava empoeirada, meio comida pelas traças em suas beiradas. Traz os registros oficiais dos primeiros motoristas da Laguna, de carroças e automóveis. E melhor: com fotos ¾ de todos eles. Uma preciosidade para qualquer pesquisador/historiador.
O Livro, e único exemplar que encontrei, abrange os anos de 1933, administração do prefeito Giocondo Tasso, a 1956, já dirigindo o Paço Municipal o prefeito Walmor de Oliveira.

Para melhor entendimento dos nossos leitores, antigamente era a prefeitura quem organizava e realizava os exames de direção, contratando os examinadores e expedindo a Carteira de Habilitação.

Pelas anotações fica-se sabendo que o primeiro a se registrar, em 25 de maio de 1933, foi Oscar Bergler, 28 anos, Carteira nº 1, sendo seu exame de habilitação prestado em Tubarão alguns anos antes, em 1923. Testemunhas do registro? Dr. Paulo Carneiro e Mário Bianchini. 

Assinam ainda o documento o secretário da prefeitura José (Zeca) Freitas e o então prefeito-provisório Giocondo Tasso.

O primeiro motorista de automóvel/caminhão na Laguna foi Willy Strak, mas sua carteira foi registrada no município de Brusque.
Em 13 janeiro de 1915, conforme registro do Jornal O Albor, chegava a nossa cidade, no convés do vapor Anna, o primeiro automóvel da Laguna, de propriedade de Júlio Bergler. "Está de hoje em diante à disposição do público", conforme noticiou o periódico, registrando a grande atração. Como o proprietário não dirigia automóvel, quem tomou a boleia do veículo foi Willy Strak, que por sinal foi também motorista do primeiro caminhão pertencente a Jacinto Tasso.

Willy Strak na direção do Ford T, 1915, pertencente a Júlio Berger.
Primeiro automóvel da Laguna. Acervo: Marega
1º caminhão da Laguna. Um Ford 1915 pertencente a Jacinto Tasso.
 Na direção, Willy Strak. Acervo: Marega.


E quem terá sido o primeiro carroceiro cadastrado?

Lá está, para todo o sempre: Celestino dos Santos, 31 anos, casado, analfabeto, filho de João Maria dos Santos. Celestino recebeu a Carteira nº 2. Quem assina a rogo é Júlio Marcondes. Testemunhas Oscar Bergler e Hilarião Pacheco. O exame foi prestado bem antes, em 7 de julho de 1923, na delegacia de Polícia, conforme caderneta apresentada.

Os pioneiros chauffeurs da Laguna
E assim transcorre o Livro, página a página, enumerando os nossos pioneiros chauffeurs de automóveis e carroças, ainda grafando este termo em francês como então em uso.
Dr. Paulo Carneiro, Carteira nº 3; Mário Bianchini, Carteira nº 4; Pedro Rocha, Carteira nº 8 (de quem falaremos mais tarde); Dr. Aurélio Rótulo, Carteira nº 13; Humberto Zanela, nº 17; Francisco Fernandes Pinho, nº 19; Mário Remor, nº 30. E por aí vai.
Dos mais antigos e conhecidos motoristas da nossa Laguna, destacam-se Vitório Paladini, Carteira nº 57, motorista (ou chauffeur de praça, como queiram) durante décadas; e João (Salame) Juvêncio Martins, que depois foi instrutor de gerações de alunos, com a Carteira nº 63.

E quem terá sido a primeira mulher a tirar carteira na Laguna?

Lá está registrado. A pioneira a aventurar-se sobre quatro rodas chamava-se Córa Magalhães Rocha, nascida lagunense em 1907, filha de Luíza Rollin Magalhães e Eugênio Magalhães.
Casada em 4 de julho de 1925 com Pedro Rocha, comerciante na Laguna. 
Córa fez os exames de direção, foi aprovada pelo perito examinador José Bergler. Recebeu a Carteira de Habilitação de nº 103, em 16/09/37, portanto aos 30 anos de idade, documento assinado pelo prefeito Giocondo Tasso. (O marido de Córa, Pedro Rocha, possuía a carteira de nº 8, como já informei).

Até 1956, último ano dos Registros que constam no Livro, Córa Magalhães Rocha foi a única mulher autorizada a dirigir automóvel na Laguna.
Córa Magalhães Rocha, aos 30 anos.
Pelas minhas pesquisas complementares, soube que era uma mulher decidida, de opinião, além de bonita, e que pelo seu pioneirismo, certamente enfrentou mitos e preconceitos. Afinal, à época, mulheres viviam para o lar, não comandavam negócios nem tinham o peso social que só vão começar a adquirir em meados do século XX. O voto feminino no Brasil, por exemplo, só foi assegurado em 24 de fevereiro de 1932, quando as mulheres adquiriram o direito de votar e ser votadas para o Executivo e Legislativo. E mesmo assim parcialmente. Somente as casadas, as com autorização dos maridos, as viúvas, e as solteiras que tivessem renda própria.

Em 10 de março de 1937 (portanto seis meses antes de obter sua carteira)
 Córa Magalhães Rocha, a filha Adail, o marido Pedro Rocha (atrás) e o cunhado
 Lincoln Magalhães, posam com um Ford T. Acervo: Marega.
Córa morou numa casa (onde hoje é um Bar/Café desativado) na então chamada Praça da Bandeira (atual República Juliana), teve três filhas (Adail, Maria Luíza e Abgail) e depois se mudou para o Rio de Janeiro. Anos após voltou a morar em nossa cidade, na segunda casa da rua Ângelo Novi (ao lado do Clube Blondin) depois retornando ao Rio de Janeiro. Posteriormente, viúva, retornou à Laguna, residindo no casa de dois andares onde funcionou o consultório do dr. Carpes, na rua Tenente Bessa. Faleceu no Rio de Janeiro aos 102 anos. Foi também até hoje, a única pessoa por quatro vezes Festeira de Santo Antônio dos Anjos.

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Curiosidades sobre automóveis e motoristas

A primeira mulher a dirigir um carro  no mundo foi a alemã Berta Benz em 5 de agosto de 1888, esposa de Karl Benz, fundador de uma montadora de carros alemã, a Mercedes-Benz.
Era um Benz Patent-Motorwagen, primeiro modelo de automóvel da História o “veículo com motor a gás” foi patenteado em 29 de janeiro de 1886. O primeiro exemplar do Benz Patent-Motorwagen, de 1886, hoje está no Deutsches Museum, em Munique. Berta Benz dirigiu o terceiro exemplar produzido.

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A primeira mulher a conseguir uma carteira de motorista foi a francesa e Duquesa d’ Uzès, no ano de 1899. Dois meses depois ela foi aos tribunais responder por excesso de velocidade. A velocidade máxima era de 12km/h e ela dirigiu o automóvel a 15 km/h. Nem imagino como foi medido essa diferença.

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O primeiro automóvel desembarcou em terras brasileiras em novembro de 1891. Um modelo Peugeot, movido a gasolina, dois cilindros em V, 3,5 cv de potência máxima, pertencente a Alberto Santo Dumont, que retornava da França com a família.

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As primeiras mulheres a ter habilitação para dirigir no Brasil foram Maria José Pereira Barbosa Lima, viúva do jornalista Alexandre Barbosa Lima Sobrinho; e Rosa Helena Schorling, que aprendeu a dirigir aos 12 anos, no automóvel de seu pai, um Opel 1895, com direção do lado direito e câmbio e freio do lado de fora.

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Otília Garofallis Fialho, nascida a 9 de novembro de 1910, foi a primeira mulher a tirar carteira de motorista na Capital catarinense, e exibiu seu feito em alto estilo, em 1928, cruzando a ponte Hercílio Luz., que havia sido inaugurada dois anos antes. Só abandonou o volante aos 90 anos, por causa da visão prejudicada.

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Ford T
Em 1903, Henry Ford, com 40 anos de idade e mais 11 investidores, funda sua empresa, a Ford Motor Company e revoluciona a fabricação de automóveis, com sua montagem em série. 
Em 1 de outubro de 1908 foi apresentado o primeiro modelo Ford T. Como inovação o volante no lado esquerdo. Carro simples de dirigir e manutenção barata. Por volta de 1918, metade dos carros da América do Norte era desse modelo.