quinta-feira, 2 de março de 2017

O folião Joneci

Joneci Manoel Cândido, o “sargento Joneci”, marcou época no carnaval da Laguna.
Sargento reformado da Polícia Militar de Santa Catarina, contagiava a todos com sua alegria, principalmente no carnaval de rua. Além disso, sempre tinha uma história, uma piada, um “causo” para contar entre os amigos.


Era figura obrigatória no carnaval do Bloco da Pracinha, onde apresentava anualmente seus personagens e mensagens hilárias, críticas, com suas frases de duplo sentido.
Quase sempre desfilava em dupla com o irmão, o “seu” Claudinor (Nonô) Cândido, do famoso sinuca, não tem?
 
Joneci (à direita na foto), com seu irmão Nonô.


Nonô e Joneci no carnaval de 2012. Foto de André Luis Fotografia.
Enviada por Renato Souza.
Poucas semanas antes de seu falecimento nos encontramos na fila dos caixas do Banco do Brasil. Entre uma risada e outra, conversamos por mais de vinte minutos. 

Indaguei qual seria o personagem para o carnaval do ano seguinte, de 2014. Ele me confidenciou e pediu segredo, para o efeito da surpresa. Guardei, mas agora posso revelar.


Disse que ia sair com um ralador e um côco pela metade pendurado ao pescoço. No cartaz ao peito o aviso: “O HOMEM DO CÔCO RALADO”.
- A maldade e conclusão ficariam por conta das mentes das pessoas, disse ele à ocasião. Uma fantasia que, infelizmente, não chegou a vestir.

No carnaval do ano de 2013, seu último, desfilou pela praça e avenidas, compenetrado, sério, segurando uma vara entortada com o cartaz onde se lia: “O HOMEM DO PAU TORTO”.
Não havia quem não o fotografasse, pela criatividade e a dubiedade da frase, lógico.
 
Joneci em seu último carnaval do Bloco da Pracinha, em 2013.
Joneci foi quem batizou o hoje conhecido Bar Necrotério, na Praça Souza França, no Magalhães.
Quando adentrou ao ambiente no primeiro dia de funcionamento do local, ainda sem nome, Joneci exclamou aos presentes:
 - Mas parece o formato do necrotério lá do hospital. Pronto! Estava batizado o bar do Clodoaldo de Bem.

De uma conversa entre ele, Vedelino Marçal e Dorival, surgiu a ideia de uma corrida em torno da Praça. Flavinho Marçal e Waldizinho Sant'Anna ouviram a conversa, bancaram a ideia e nascia então a Corrida de São Silvelho, de grande sucesso e fazendo uma analogia a São Silvestre de São Paulo.  
Esse era o Joneci, que gostava de uma pescaria e de fazer amigos e os tinha de todas as faixas etárias. Foi da diretoria da S.R. 3 de Maio e da Escola de Samba Xavante.

Faleceu em 6 de junho de 2013, aos 73 anos no Hospital de Caridade em Florianópolis e foi sepultado no dia seguinte na Laguna, deixando uma grande lacuna no nosso carnaval de rua.

10 comentários:

  1. Já ouvi falar nele e conheci demais pessoas aqui citadas .

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  2. Laguna e suas figuras folclóricas! Para não esquecermos dos bons tempos.

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  3. Tudo isso sintetizou numa única palavra: SAUDADES.

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  4. Ótima crônica. Parabéns, Valmir! Eu lembro do Joneci!

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  5. Esta aí, uma boa oportunidade pra ter de volta a corrida de São Silvelho. Em homenagem a eles.

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  6. Parabéns Valmir, show de lembranças.Ele era ótimo. Certa vez ele me contou que tinha um binóculo tão potente quê olhava do molhes para a ilha dos lobos, e que o mar quando batia na pedra dá ilha molhava a lente do binóculo Aqui no molhes. Isso queria lente potente kkkkk.

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  7. Jornalista de varias tintas carnavalesacas. Parabens Guedes.

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  8. Era meu amigo, muitos papos e muitas risadas juntos. Desfilava também pelo Xavantes. Grande pessoa e ser humano. Saudades.

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  9. Tive o prazer de ser seu amigo. Figura impar, pessoa do bem. Muita risada juntos. Saudades.

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  10. Eterno vô Joneci. Tenho orgulho de dizer que este homem é meu avô. Saudades dos finais de semana na casa do Magalhães

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