quarta-feira, 31 de maio de 2017

Quem foi Cândido Lucas Gaffrée

Filho de Antônio Gaffrée e Maria das Dores Lucas, nasceu em Bagé (RS), em 12 de fevereiro de 1886.
 Cândido Gaffrée.
Sobrinho e afilhado de Candido Gaffrée, empresário, industrialista. Um dos sócios da Companhia Docas de Santos, empresa responsável pela construção do Porto de Santos. Seu tio era sócio dos Guinle, donos das docas de Santos e de um império econômico no fim do séc. XIX e início do XX.

Cândido Lucas Gaffrée, era engenheiro de Portos, Rios e Vias Navegáveis, funcionário do Departamento Nacional de Portos e Navegação do Ministério da Viação.
Estudou engenharia no Rio de Janeiro, morando no palacete (que existe até hoje naquela cidade) de seu tio e padrinho o Velho Cândido Gaffrée.

O engenheiro Gaffrée, chegou em nossa cidade em outubro de 1916 pelo vapor Max, para chefiar as obras de construção e melhoria dos molhes e porto da Laguna. Assumia no lugar de Polydoro Olavo de Santhiago, que havia falecido.
Desde o início dos trabalhos defendeu os investimentos do governo federal nas obras do porto da Laguna. Com isso, levantou bandeira em favor da nossa cidade, contra o porto de Imbituba, particular e de propriedade do industrial Henrique Lage. Sobre Imbituba dizia que o porto estava sendo construído clandestinamente, sem fiscalização do Departamento.

Colaborou com artigos para o jornal O Albor, sendo muito querido em nosso meio social, juntamente com sua esposa Aracy Pereira Alvim Gaffrée, dedicada benemérita de entidades beneficentes, como por exemplo a Caixa Escolar do Grupo Jerônimo Coelho. O casal teve seis filhos: Antônio Augusto Alvim Gaffrée, Henrique Mário (falecido em tenra idade), Cândido Gil Alvim Gaffrée, Lígia Alice Alvim Gaffrée, Gilda Elisa Alvim Gaffrée e Yo-Dori Alvim Gaffrée.

Em 1917 requereu à Municipalidade as terras onde construiu sua propriedade, na subida (ou descida) do morro, já no Mar Grosso.
Casarão construído pelo engenheiro Gaffrée para sua moradia, no Mar Grosso e vendido posteriormente à família Mussi. Pintura: arquivo família Mussi.
Publicou o trabalho “Estudo e projeto do porto de Laguna”. In: Ministério da Viação e Obras Públicas. Relatório da Inspetoria Federal de Portos, Rios e Canais dos serviços relativos ao ano de 1922. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1924.
Com o retorno do engenheiro ao Rio de Janeiro em 1925 e seu falecimento naquela cidade em 11 de outubro de 1940, o casarão que construiu na Laguna foi vendido à família Mussi. Está sendo restaurado por herdeiros da família Daux-Mussi. A esposa Araci faleceu também no Rio de Janeiro, em 4 de setembro de 1950.
Cândido Lucas Gaffrée, pelo seu trabalho e luta em prol do porto da Laguna, foi homenageado mais tarde com nome de rua em nossa cidade, no bairro Mar Grosso, na administração (De 1/03/1936 a 2/01/1948) do prefeito Giocondo Tasso.

“Amigo de seus amigos, sem ser inimigo de seus inimigos”.
João Guimarães Cabral, foi superintendente (prefeito) municipal da Laguna no final da década de 1920 e tornou-se grande amigo de Gaffrée. Numa carta-aberta publicada no jornal O Albor, quando do falecimento de Gaffrée, assim se manifestou em 13 de outubro de 1940:

"Expirou um ilustre engenheiro. Expirou um amigo da Laguna. O dr. Gaffrée foi um bom.
Todos que o conheceram podem atestar esta verdade. Aprimorada educação, coração boníssimo, sempre aberto para a prática do bem.
Amigo de seus amigos, sem ser inimigo de seus inimigos. Tinha prazer em ser útil. Muitas das vezes podendo se prejudicar, era útil pela grandeza de seu coração".

E mais adiante:
"Foi grande amigo da Laguna, dedicando-lhe grande trabalho mental em prol de sua barra. Defendeu sempre com ardor a causa portuária lagunense".
Ao final do texto, João Guimarães Cabral informa que havia escrito uma carta ao prefeito da Laguna Giocondo Tasso, apelando para que o mesmo desse o nome do engenheiro Graffée a uma avenida do Mar Grosso, o que de fato aconteceu:
"Estou certo que o sr. prefeito aceitará a minha lembrança. Com isso praticará um ato, simpático e justo", finaliza Cabral.

PS: Pois neste mês de maio de 2017, injustamente rasgaram a homenagem feita, veja só leitor, há quase 80 anos!, ao engenheiro Cândido Lucas Gaffrée que agora deixou de ser nome de rua em nossa cidade, por conta de projeto de lei apresentado e aprovado pelos vereadores e sancionado pelo prefeito Mauro Candemil. 
Nada contra a homenagem, muito pelo contrário, acho justa, perfeita e de grande merecimento a que foi efetuada. Penso somente que não se deveria é alterar nomes de ruas já consagradas e que, em algum momento do passado, homenageou outras personalidades.

8 comentários:

  1. Memória da cidade que se vai. Injusto tirar o nome dele. José de Abreu

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  2. A Família gostaria de ter um espaço no museu da cidade para o pequeno acervo que tem, e para que a história não se perca. Contato: flaviogaffréepacheco@gmail.com

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  3. A foto que ilustra a reportagem não é de Cândido Lucas Gaffrée, meu avò, mas sim do "Velho Gaffrée", seu tio, o Homem das Docas de Santos, meu tio-bisavô.

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  4. Total falta de respeito a história de um povo, a memória de um martir, alguém que num passado fez por merecer. Nunca deveria acontecer, tirar o nome de um homenageado, para homenagear outro qualquer que seja.

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  5. Só pra confundir os moradores, já que não se possa imaginar que vereador se preste a propor projetos para renomear nomes de ruas quando a sua função primeira, para qual foi eleito, é fiscalizar o poder executivo, entre outras nobres.

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  6. Falta de respeito ao homenageado e sua família e aborrecimentos imensos aos moradores dessa rua.Estáo brincando na câmara?

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  7. Não respeitaram Anita Garibaldi e outros , quanto mais gente de fora.

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