sábado, 26 de agosto de 2017

As tentativas para trazer os restos mortais de Anita Garibaldi

Ao longo do tempo houve várias tentativas para trazer os restos mortais de Anita Garibaldi de sua sepultura na Itália, para Laguna, sua terra natal. Todas elas não lograram êxito.
Anita, em sua sétima sepultura, desde 2 de junho de 1932 descansa na Colina Gianícolo, em Roma, enquanto Giuseppe Garibaldi está sepultado em sua tumba na Ilha de Caprera, na Sardenha, ao lado de sua 3ª esposa Francesca Ambrosino. Anita e Garibaldi estão a quinhentos quilômetros de distância um do outro.
Monumento Anita Garibaldi na Colina Gianícolo, em Roma, onde repousam os restos mortais da heroína.
O monumento em nossa cidade com a imagem da heroína Anita Garibaldi, foi inaugurado em 20 de setembro de 1964, na então Praça da Bandeira, hoje República Juliana,
A obra em bronze, feita mediante escolha em concurso público, pelo escultor Antônio Caringi, considerado o maior escultor de obras épicas, já previa na parte posterior do pedestal, um local em forma de túmulo, inclusive com uma lápide que servisse futuramente de depósito aos restos mortais da heroína, como se pode observar na foto.
Monumento Anita Garibaldi, na Laguna, com a lápide projetada.
Na década de 1970 começaram 
as tentativas de translado
Conforme o pesquisador Wolfgang Ludwig Rau, “Em fins de 1973, estava tomando vulto na Laguna um movimento cívico com vistas à transladação dos restos mortais de Anita Garibaldi do monumento Gianícolo, uma colina na parte ocidental de Roma, na Itália para sua terra natal”. (O Perfil de uma Heroína Brasileira, pág. 481)
De fato, neste ano, o jornal Correio do Povo, editado em Porto Alegre–RS, e com grande circulação em Santa Catarina, promoveu ampla campanha com esse objetivo.
Mas o movimento logo encontrou resistências na Itália e não seguiu adiante em seu intento.


No início da década de 1980 nova tentativa
Em 1980, durante o governo do prefeito Mário José Remor, o assunto da repatriação voltaria à tona.
Novamente a campanha partiu da Companhia Jornalística Caldas Júnior, que editava o jornal Correio do Povo. Naquele ano, o jornal comemorava seu 85º de fundação.
No senado federal, o senador Jaison Barreto, lagunense, destacava o fato em pronunciamento, dizendo:
“Em Laguna, nossa terra natal, a iniciativa do Correio do Povo vem despertando o maior entusiasmo e alegria cívica”.

Wolfgang Ludwig Rau, entrevistado pelo jornal “Ofereceu-se para defender, junto às autoridades italianas, a campanha que ora se trava”.

Já o prefeito Mário José Remor, na mesma reportagem do periódico, assim se manifestava:
“A volta dos restos mortais de Anita Garibaldi é um velho sonho da comunidade lagunense. Penso que esta campanha do Correio do Povo será muito laboriosa, pelos esforços que exigirá. Teremos que convencer os italianos de que Anita Garibaldi tem mais importância para nós do que para eles”.

Imprensa catarinense se engajou na campanha
A imprensa catarinense também apoiava a iniciativa do Correio do Povo. O jornal Folha da Tarde, do RS, igualmente trazia várias reportagens sobre o assunto.
O sindicato dos jornalistas profissionais de Santa Catarina, através de seu presidente José Nazareno Coelho, enviou ofício à direção do Correio do Povo, expressando seu apoio à campanha. Em reunião de diretoria da entidade, foi aprovada por unanimidade “moção de aplausos ao jornalista Breno Caldas e ao Correio do Povo pela patriótica iniciativa de encetar a campanha”.

Os principais jornais de Santa Catarina, A Gazeta, O Estado, A Notícia e Jornal de Santa Catarina, destacavam a promoção do Correio do Povo. O jornal semanário A Ponte, de Florianópolis, trouxe matéria de capa sobre o assunto dizendo que vinha a público para “demonstrar que quer ser parte integrante do apoio que a campanha merece”.

Anita Garibaldi visita Laguna
Naqueles meses, visitava o Brasil, Anita Constance Garibaldi Hibbert, presidente da Européia Cultural Foudation, bisneta de Anita Garibaldi, filha do general Ezio Garibaldi, neto de Giuseppe Garibaldi.
Na foto pode-se observar Salun Nacif, Rau com a esposa Malvina, Anita Constance
com o marido Raymond Hibbert e o prefeito Mário José Remor. Arquivo Remor
Esteve no Rio Grande do Sul, inclusive na redação do Correio do Povo, em Santa Catarina e no Uruguai.
Conheceu a histórica Laguna, terra natal de sua famosa bisavó e posou para fotos aos pés da imagem da heroína, na Praça República Juliana.
Antes, indagada pela reportagem do Correio do Povo sobre a campanha de repatriação, a bisneta de Anita afirmou:

“Entendo o desejo dos brasileiros e especialmente dos lagunenses em terem de volta os restos mortais de Anita, mas considero difícil realizar a tarefa, pela expressão que ela também obteve na história italiana. Muita da força que Garibaldi teve para realizar a unificação da Itália e libertação do povo da dominação estrangeira provinha de Anita. Ela o marcou, com sua determinação, mesmo depois de morta e assumiu um papel que nenhuma outra mulher teve na história italiana”.

Com o passar dos dias, a campanha novamente caiu no esquecimento, devido às resistências dos descendentes e das autoridades italianas.

Em fins dos anos 90 novas ações
Anos depois, em 1998, novas ações foram empreendidas com vistas à realização do translado.
No começo do ano, em 27 de janeiro, uma comitiva de lagunenses, juntamente com o deputado federal Paulo Bornhausen buscou o apoio diplomático em Brasília, através do ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampréia, com vistas à transferência dos restos mortais.
Fizeram parte da comitiva o presidente do Fórum Sul de Debate Permanente, Mário Eduardo Barzan, o vereador lagunense Renato de Oliveira, o radialista João Batista Cruz e o secretário de turismo da Laguna Waldy Sant'Anna Júnior. Era prefeito da Laguna João Gualberto Pereira.

É também o ano em que o advogado Adílcio Cadorin e diversas entidades representativas da sociedade lagunense, conseguem na justiça (Ação de Justificação Judicial) o chamado registro tardio, a certidão de nascimento de Anita Garibaldi. O edital de Intimação de sentença foi emitido em 5 de dezembro de 1998 e o mandato para o registro tardio no cartório foi expedido em 11 de maio do ano seguinte, em solenidade na Casa de Anita, antecedida de uma passeata desde o Fórum da Comarca.

Matéria publicada em meu jornal Tribuna Lagunense, de 10 de julho de 1998 sobre a repatriação dos restos mortais de Anita Garibaldi dizia:

“Devemos envidar e concentrar nossos esforços para repatriar seus restos mortais, erigindo-lhe um memorial, como forma de resgatar o débito de gratidão que lhe devemos. Sepultada distante de sua terra natal e longe da companhia de seu eterno esposo, Anita hoje é apenas um monumento isolado, erguido no alto de uma colina italiana, que ainda não descansou definitivamente”.

Em 1999, em 22 de março, havia sido criada a Fundação Anita Garibaldi (hoje denominado Instituto) e formada uma Comissão pelo Repatriamento dos Restos Mortais de Anita Garibaldi.
Em maio do mesmo ano membros da Comissão entregam a Luiz Fernando Lampreia, Ministro das Relações Exteriores do Brasil, a certidão tardia e um dossiê com reportagens e diversos outros documentos, juntamente com o pedido da repatriação dos restos mortais, o que envolve articulações diplomáticas.

Delegação foi à Itália
O governador Esperidião Amin e Gilmar Knaesel presidente da Assembleia Legislativa de SC, assumem oficialmente a campanha pelo repatriamento. Uma viagem de deputados catarinenses já estava programada à Itália com vistas a tratar de outros assuntos e o repatriamento dos restos mortais entrou na pauta da viagem.
Faziam parte da delegação os deputados estaduais Gilmar Knaesel, Ivan Ranzolin, Volnei Morastoni, Reno Caramori, Rogério Mendonça, Romildo Titon, Ronaldo Benedet, Onofre Agostini, Gelson Sorgato, pelo deputado federal Pedro Bittencourt Netto, pelo representante do governador do estado, Mauro Beal e Adílcio Cadorin, presidente da Fundação Anita Garibaldi.
A delegação levou um dossiê contendo cópias de declarações de instituições e farto material jornalístico em torno da transferência dos restos mortais de Anita Garibaldi.
Em Roma, em audiência, o material foi entregue pela delegação à senadora e vice-ministra Patrícia Tóia, da Farnesina, o Ministério de Relações Exteriores daquele país. Presente também à reunião, que durou uma hora, Annita Garibaldi Jallet, bisneta da heroína.

Vice-ministra italiana joga ducha de água fria sobre o pedido
Patrícia Tóia à ocasião declarou apoio a todas as iniciativas que visem o incremento das relações culturais, políticas e econômicas com o Brasil. Sobre o pleito da transferência dos restos mortais foi objetiva: “Não é o momento de analisar o mérito do pedido”.
A delegação também foi recebida pelo Embaixador Brasileiro em Roma, Paulo Tarso Flecha de Lima, a quem solicitou apoio ao pleito. Flecha Lima com entusiasmo deu apoio à missão parlamentar catarinense, mas frisou: "Não será fácil. Os italianos a consideram a "mãe da Pátria". Antevejo dificuldades, mas não vamos desanimar. Levamos D. Pedro I para o Brasil. Por que não lutar pela volta de Anita?".

Jornal A Notícia publicou ampla pesquisa e entrevistas com descendentes de Anita
Em caderno especial em homenagem aos 150 anos da morte de Anita, intitulado “Aninha virou Anita”, publicado pelo Jornal A Notícia, em 4 de agosto de 1999, em projeto editorial, pesquisa e textos do jornalista Celso Martins e do arquiteto lagunense Dagoberto Martins, ambos lagunenses, a repatriação também é abordada. Texto, entrevistas e fotos feitos na Itália são do jornalista Moacir Pereira.

Com o título “Translado é tema delicado” há uma entrevista com Érika Garibaldi, casada com Ezio Garibaldi, já falecido e neto de Anita Garibaldi. Ela presidia a Federação das Associações Garibaldinas e já havia feito várias tentativas de transferir os restos mortais de Anita para a Ilha de Caprera onde está sepultado Garibaldi.
Érika já tinha estado em nossa cidade e sobre o pedido assim se manifestou:

“Acho muito positiva a bandeira levantada pelos catarinenses de transferência dos restos mortais de Anita para Laguna. Entendo a importância da causa, com ela até me solidarizo porque representa um resgate memorável”.
Mas advertia: “Acho que os italianos não aprovarão esta ideia. Anita Garibaldi foi morta aqui na Itália, lutou com Giuseppe pela unificação da Pátria, participou de vários e importantes combates, foi dignificada em vários atos oficiais e enaltecida pela materialização de vários monumentos, o maior dos quais em Gianícolo. Ela deve ficar junto do marido”.

“Anita Garibaldi é considerada mãe da Itália”, diz bisneta
Outra importante descendente de Anita, a bisneta Annita Garibaldi Jallet, que atuava no Conselho Geral dos Italianos no Exterior, principal órgão de intercâmbio internacional do Ministério das Relações Exteriores da República da Itália, considerava o pleito “Muito delicado”, enfatizando que “Anita Garibaldi é muito admirada na Itália, porque se constitui na única mulher símbolo da unificação”.
E prosseguia abordando a delicada questão:
“Anita Garibaldi é considerada por nós como a mãe da Pátria. O pai da Itália é Giuseppe, seu marido. Há muitas mulheres com desempenhos notáveis ao longo da história italiana. Podem ser encontradas muitas mulheres de expressão intelectual. Mas só Anita pegou em armas para defender os ideais de justiça e liberdade”.
“Em nome da Itália fala o governo italiano”, continua. “Mas é importante salientar que a Itália guarda com muito amor as cinzas de Anita Garibaldi. Não podemos dividir os seus restos mortais. Além disso, há outras maneiras de fazermos uma ponte entre Roma e Laguna, entre o Brasil e a Itália. Considero até secundário levar ou não levar suas cinzas para o Brasil”, afirmou, enfraquecendo a bandeira do repatriamento.

Diante dos fatos, o então secretário da Casa Civil do governo de Santa Catarina, professor Celestino Secco, em entrevista ao jornal A Notícia, de Joinville e publicada em 14 de julho de 1999, opinou sobre o assunto:

"Mais importante que transladar as cinzas de Anita Garibaldi da Itália, é reverenciar sua memória e exemplo. O mais importante é que haja o registro histórico da personagem e não a vinda das suas cinzas. Precisamos é reverenciar Anita como heroína. Não é imperativo a vinda das cinzas para Santa Catarina. O que importa é o que fica como grau cultural e não o grau material de um evento".

Desde então não houve mais movimento pela repatriação dos restos mortais de Anita da Itália para Laguna.

Wolfgang Ludwig Rau, considerado por muitos historiadores e escritores um dos maiores biógrafos de Anita Garibaldi, no prefácio de seu grandioso livro “O Perfil de uma Heroína Brasileira”, entendeu o grande valor de Anita Garibaldi na Itália e junto aos italianos, um povo que cultua verdadeiramente seus heróis, não tendo memória curta nem menosprezo pelos seus antepassados.
Rau sintetiza esse valor em sua obra:

“Compreendi, desde logo o quanto o “mito Garibaldi” representa na Itália; e compreendi, também – já nas primeiras horas – quanto de elevado valor representa especialmente a nossa lagunense Anita para o povo italiano, por ela mesma e por ter sido a esposa e amada companheira de seu Herói Nacional, Giuseppe Garibaldi”.
E finaliza o pesquisador e escritor, com chave de ouro:

“A voz do povo italiano, através da tradição oral, perpetuou-lhe uma lembrança cheia de admiração pelos seus feitos guerreiros, seu estoicismo nas maiores privações e pelo seu desprendimento tantas vezes comprovado”.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Quem foi René Rollin

Nascido na Laguna, em 13 de maio de 1881, René Rollin era filho de José Goulart Rollin e de Emilia Cândida da Silva, tronco da numerosa família Rollin de nossa cidade.
René Rollin
Goulart Rollin, seu pai, era telegrafista, nascido em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro e viera transferido para trabalhar como agente dos correios e telégrafos da Laguna.
Logo se incorporou à sociedade lagunense, granjeando inú- meros amigos e participando ativamente de atividades teatrais e musicais. Colaborou e muito para o soerguimento de nosso hospital. René Rollin, filho de José Goulart Rollin, faria juz aos axiomas de que o fruto não cai longe do pé ou de que filho de peixe, peixinho é.

Casado com Maria de Oliveira Pinho Rollin (dª Mariquinha), o casal teve os filhos: Célio, Cerize (mãe do ex-prefeito Mário José Remor) e Celi.
 Outro dos filhos de José Goulart Rollin foi Ataliba Rollin, baluarte na formação da chamada comissão de aformoseamento que visava dotar a nossa cidade de melhoramentos em sua infraestrutura, principalmente no que tange a seu embelezamento.
Por isso vamos encontrá-lo à frente da construção do Jardim Calheiros da Graça e da construção do cais do velho porto, junto com José Guimarães Cabral (Juca Cabral) que era seu cunhado, casado com sua irmã Cecy Rollin.

Mas voltemos a René Rollin. Funcionário público era coletor de impostos. Espírito abnegado, patriota, logo cedo demonstrou seu civismo e a vontade de ajudar os semelhantes. Com 29 anos fazia parte da diretoria do Centro Espírita Fé, Amor e Caridade de nossa cidade. Numa ata contendo exames de prestações de contas daquela entidade, em 1910, seu nome consta junto a outros membros, como Luiz Néry Pacheco dos Reis e Octávio Carneiro. Todos eles grandes amigos do médico lagunense dr. Ismael Ulysséa, fundador daquela Casa Espírita.

Em 1916, René Rollin, apaixonado pelos ensinamentos de Baden-Powell, introduz o escotismo em Santa Catarina. Mas somente em 1º de janeiro de 1917 funda oficialmente em nossa cidade uma escola de escoteiros, sendo seu primeiro instrutor.
Comissão Regional de Escoteiros da Laguna – Junho de 1918. Em pé: Sady Magalhães, Ruben Ulysséa, Arnaldo Carneiro, Ramiro Ulysséa, Dante Tasso e Hercílino Ribeiro. Sentados: René Rollin, Álvaro Carneiro e Luíz Sanchez Bezerra da Trindade. Fotos: Marega

A ele se aliam no ano seguinte mais dois idealistas: Álvaro Carneiro (patrono) e Luiz Sanchez Bezerra da Trindade (instrutor). O primeiro escrivão da mesa de rendas federais e o segundo, diretor do Grupo Escolar Jerônimo Coelho.
O trio e Escola de escoteiros bem por isso receberam a denominação de “Bela Trindade”. Outros membros da diretoria: Romeu Ulysséa (vice-presidente), Tancredo Pinto (secretário), Octávio Bessa (tesoureiro), Antônio Guimarães Cabral (orador) e os vogais, Lucas Bainha e Octávio Carneiro.

René Rollin foi também diretor do Tiro de Guerra 137, de nossa cidade. Logo a Escola de Escoteiros da Laguna estaria participando de marchas, desfiles e campanhas, com seus membros prontos a servir. Sempre alerta, como preza o lema dos escoteiros.
Como o mundo, Laguna também sofreu a epidemia da gripe espanhola, em 1918. René Rollin foi um dos primeiros a se lançar em ajuda aos infectados que eram isolados numa casa existente nos altos do Morro do Iró, denominada “lazareiro”, destinada a pessoas contaminadas com moléstias contagiosas.
Em pouco tempo o local se tornou pequeno para abrigar tantos enfermos.
Agenor Bessa numa de suas crônicas narra sobre a “espanhola” em nossa cidade, testemunha ocular dos fatos que foi, mesmo em tenra idade:

“Laguna foi atingida pela epidemia antes de dezembro de 1918. Não houve uma casa em que o germe não entrasse e, por vezes, atingindo todas as pessoas da família.
Do Hospital S. B. Jesus dos Passos saiam quase que diariamente numa carroça, para os cemitérios, pessoas que haviam falecido durante a noite. As enfermarias se achavam lotadas e além de todos os leitos ocupados com gente em tratamento, também nos corredores eram vistos pacientes em esteiras pelo assoalho, homens, mulheres e crianças que, por força da conjuntura, eram hospitalizadas.
Laguna, nessa época era atendida pelo dr. Aurélio Rotolo e pelo dr. Ismael Ulysséa. Ambos foram atacados pela “espanhola” que os surpreendera, afastando-os de quaisquer atividades.
O sr. Manoel Olavo da Rosa, farmacêutico que receitava aos pobres e o sr. Henrique Esteves, médico homeopata, também foram recolhidos ao leito, ficando a Laguna dependendo apenas do sr. Tácito Pinho, farmacêutico que receitava abertamente, mas que não dava conta do serviço”.

Foram vários os escoteiros que participaram do ato de ajuda humanitária, mas somente René Rollin acabou também se contaminando com a peste e que vitimou milhões de pessoas no mundo.
 No Brasil, por exemplo, matou no exercício do cargo o presidente Rodrigo Alves.
 Como não poderia haver contato sem risco, ao saber-se doente, depois de ter ajudado tantos enfermos e não querendo ser um agente transmissor, René Rollin voluntariamente se despediu dos familiares e amigos. Partiu sozinho pela estrada do morro. Foi em direção à casa de recolhimento no Iró, numa cena obviamente triste e que ficou na memória de muitos que a presenciaram.
Poucos dias depois, em 13 de dezembro de 1918, René Rollin estaria morto aos 37 anos.

Num escrito publicado no jornal O Dever, de 22 daquele mês, Álvaro Carneiro assim escreveu sobre o amigo falecido:

(...) “Quem poderia imaginar, então, que o benemérito introdutor do Escotismo em Santa Catarina seria uma das vítimas dessa covarde e miserável epidemia, tão covarde que se disfarça a cada minuto, apresentando aspectos vários, e tão miserável que, apesar da multiplicidade dos nomes, não se sabe ao certo como se chama? René Rollin morreu. A peste fatídica não o poupou, matando-o 10 dias depois de lhe ter vibrado o golpe traiçoeiro. O seu coração – coração de ardente patriota, onde se abrigaram e desenvolveram os mais elevados ideais – não ama, não sente, não pulsa mais, paralisado para sempre pelo sopro gélido da epidemia maldita. Entretanto ele vive! Vive pela sua obra; existe no coração de cada escoteiro; ressurge pelo poder de nossa saudade e pela força de nossa admiração”. (...)

O falecimento de René Rollin e a transferência de Luiz Trindade no início de 1919 para Lages paralisou o funcionamento da Escola. Foi a primeira fase do Escotismo na Laguna.
Em 1924 será reativado, em sua segunda fase, funcionando até 1927. Depois, vai ressurgir somente em 1939, com o nome de Associação dos Escoteiros da Laguna, na esteira do começo da 2ª Guerra e se estendendo até 1960.

Laguna homenageou René Rollin com nome de rua no Balneário Mar Grosso. 

A culpa é somente do sistema?

"O sistema entrega a mão pra salvar o braço.
O sistema se reorganiza, articula novos interesses, cria novas lideranças.
Enquanto as condições de existência do sistema estiverem aí, ele vai resistir.
Agora me responda uma coisa, quem você acha que sustenta tudo isso?
É… E custa caro. Muito caro. O sistema é muito maior do que eu pensava.
Pra mudar as coisas vai demorar muito tempo.
O sistema é foda".

(Trecho final do filme Tropa de Elite 2)

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Então, então...

“Parece que as pessoas não mais  impressionam-se ou  espantam-se com mais nada.
Muitos já não se preocupam mais em usar máscaras.
É tudo às claras”.

(Emanuel Medeiros Vieira)

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Fotógrafo lagunense expõe na Assembleia Legislativa

A Assembleia Legislativa de Santa Catarina recebe, entre os dias 31/07 e 11/08, a exposição fotográfica “Laguna”, formada por 18 obras do fotógrafo Ronaldo Amboni.
Foto: Vitor Shimomura/Agência AL)
Esta é a primeira vez que o profissional realiza uma exposição, na qual estão retratados aspectos específicos do município do Sul do estado, tais como suas praias, a interação entre botos e pescadores, o casario colonial e a ponte Anita Garibaldi.
O artista, que até oito anos atrás atuava profissionalmente como representante comercial, explica que a fotografia entrou em sua vida como um hobby cultivado nas horas vagas, no qual procurava expressar sua paixão pelas paisagens naturais da sua terra natal.

A decisão por dedicar-se integramente à fotografia, afirma, aconteceu por acreditar que o melhor seria focar no que realmente lhe dava prazer. Desde então, encara cada trabalho como um momento especial, no qual procura compor cada imagem tal qual um pintor em uma tela. “A diferença é que na fotografia se desenha com a luz. Mas no momento em que dou o clic [na câmera] já sei se a fotografia sairá especial.”

A qualidade dos registros realizados por Amboni também foi reconhecida com a seleção de alguns de seus trabalhos para a composição do livro “Ponte Anita Garibaldi, a Construção de um Sonho”, editado pelo consórcio construtor da estrutura.

A exposição fotográfica “Laguna” tem a curadoria de Kiko Cervi.

Fórum vai discutir esgoto na Praia do Mar Grosso

Moradores da Laguna montaram um fórum de discussão, chamando os órgãos responsáveis para participar, sobre a questão do esgoto na praia do Mar Grosso. O encontro, com o tema “Mergulhando na realidade do saneamento do Mar Grosso”, vai ocorrer nos dias 16 e 17 de agosto, no auditório da Udesc, a partir das 19h. 

“Queremos acabar com o jogo do empurra-empurra entre os órgãos responsáveis. Nossa intenção é construir uma agenda positiva de soluções”, diz o presidente da Associação de Moradores do Mar Grosso (Ammar), Daniel Carneiro.

O encontro inicia com a explanação do engenheiro civil André Labanowski, antigo morador do bairro, sobre como ocorreu a evolução urbana do Mar Grosso, onde a construção de prédios e residências cresceram sem a rede de esgoto acompanhar o processo, e ausência de fiscalização, de acordo com a Ammar.


A ação, segundo a Ammar, será um importante passo para o enfrentamento da problemática do saneamento, a partir das palestras e discussões, buscar esclarecimentos da situação atual do sistema de efluentes, além de entender os reflexos da poluição para o ecossistema marinho e lagunar, finaliza os responsáveis pelo projeto.